Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

25 desportistas mais bem pagos do mundo

Informativo

De acordo com a Revista Forbes, os atletas da lista abaixo foram os que mais faturaram grana entre julho de 2006 e junho de 2007:

1 - Tiger Woods - golfe - US$ 100 milhões
2 - Oscar De La Hoya - boxe - US$ 43 milhões
3 - Phil Mickelson - golfe - US$ 42,2 milhões
4 - Kimi Raikkonen - automobilismo - US$ 40 milhões
5 - Michael Schumacher - automobilismo - US$ 36 milhões
6 - David Beckham - futebol - US$ 33 milhões
7 - Kobe Bryant - basquete - US$ 32,9 milhões
8 - Shaquille O'Neal - basquete - US$ 31,9 milhões
9 - Ronaldinho Gaúcho - futebol - US$ 31 milhões
9 - Michael Jordan - basquete - US$ 31 milhões
11 - Valentino Rossi - motociclismo - US$ 30 milhões
12 - Alex Rodriguez - beisebol - US$ 29,2 milhões
13 - Roger Federer - tênis - US$ 29 milhões
14 - Derek Jeter - beisebol - US$ 28,3 milhões
15 - LeBron James - basquete - US$ 27,3 milhões
16 - Floyd Mayweather - boxe - US$ 26,5 milhões
17 - Yao Ming - basquete - US$ 26,3 milhões
18 -Vijay Singh - golfe - US$ 25,8 milhões
19 - Leonard Davis - futebol americano - US$ 25,4 milhões
20 - Arnold Palmer - golfe - US$ 25 milhões
21 - Jeff Gordon - automobilismo - US$ 24,5 milhões
22 - Kevin Garnett - basquete - US$ 24,3 milhões
23 - Reggie Bush - futebol americano - US$ 23,8 milhões
24 - Allen Iverson - basquete - US$ 23,3 milhões
25 - Maria Sharapova - tênis - US$ 23 milhões

Vale ressaltar que os lucros se referem aos sálarios pagos, bem como à veiculação de imagem deles. Por isso alguns, mesmo aposentados, ainda recebem tanto.

Já cortei o meu cabelo e fiz a barba. Agora só vou esperar eu curar minha tendinite no punho esquerdo para começar a treinar golfe.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Simply the best' - Tina Turner
Degustando Gatorade de Uva Gelado

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Como controlar finanças pessoais

Artigo
Imagino que muita gente tem dificuldade em lidar com dinheiro. Isso independe da quantidade que se ganha. Ricos e pobres sofrem desse mau hábito. Claro, há exceções. Pois eu não sou exceção.

O leitor então poderia perguntar o porquê de eu escrever sobre "como controlar finanças pessoais" se eu também tenho dificuldade em lidar com dinheiro. É fácil de entender. Decidi semana passada que quero ser rico. E na atual condição financeira é, simplesmente, impossível eu me tornar rico se não mudar algumas práticas.

Aos que acham que querer ser rico é coisa do demônio, dou-me ao luxo de ignorá-los. Aos que acham que querer ser rico é coisa de Deus, sinto muito por sua falaciosa teologia da prosperidade. Eu quero ser rico porque quero ser rico. Alguns insistentes podem dizer que o importante é ser feliz, e que riqueza material não importa, pois há inúmeras outras formas de riqueza. Concordo. Acontece que já sou muito feliz e as outras riquezas subjetivas eu já as tenho de sobra. Agora quero ter dinheiro, muito dinheiro. Ser rico financeiramente falando. Simples assim.

No entanto, aqui não falarei de como se tornar rico, mas sim de como controlar finanças pessoais. Acredito que isto precede àquilo. Lógico que excluo os que já nasceram em berços de ouro. Estes podem, eventualmente, não saber controlar as finanças. Pois eles não se tornaram ricos; já nasceram assim, são ricos congênitos.

A regra é bem óbvia e bem simples de ser compreendida: gastar menos do que se ganha. Grande revelação! Você deve estar pensando. Não só de revelações viverá o homem. O óbvio às vezes precisa ser dito, aliás, re-enfatizado. Acontece que esta óbvia e simples receita é extremamente difícil de ser seguida pelos gastadores.

E eu sou um gastador inveterado. Aprendi com minha mãe e irmãos. Ainda não comprei urubu voando, mas por falta de oportunidade. Gosto, sobretudo, de comprar livros. Vários.

Na empreitada de tentar controlar finanças, ajudas eficazes quase sempre são bem-vindas. Para usar a regra que mencionei faz-se necessário ter atitudes aliadas. Uma delas é ser organizado; é fundamental saber quanto de dinheiro entra em um mês e, sobretudo, quanto sai e, principalmente, por onde sai, em que o dinheiro está sendo aplicado. Só que também não é nada fácil se organizar neste aspecto.

Alguns que se dizem organizados fazem anotações em caderninhos. Outros utilizam de planilhas eletrônicas. Ainda há aqueles que dizem guardar tudo na cabeça. Os caderninhos eu odeio – todos! –, principalmente os de capa verde e azul. As planilhas eletrônicas pressupõem que o indivíduo que lida com elas já é organizado. Guardar tudo na cabeça no que tange finanças, sinceramente, não é comigo.

Complicada minha situação então, hein? Mas tenho fé! Você tem? Se for um otimista e responder que "sim", apresso-me em informá-lo: fé não basta, meu querido leitor. A fé que tem, tem-na para ti, mas me importo em lembrá-lo que você vive em sociedade.

Mas....Mas!.... ainda assim há solução. Existem no mercado (calma, calma, não estou oferecendo mais um gasto mercadológico não) alguns aplicativos que se propõem em ajudar na organização das finanças. São softwares bastante completos que já trazem as planilhas prontinhas, organizadinhas. E mais: alguns deles, inclusive, importam seus extratos bancários para preenchê-las através de um documento emitido virtualmente pelo seu banco. Tudo isso traçando gráficos ilustrativos e mostrando indicadores.

Um bastante conhecido é o Microsoft Money. Só que este é pago. No entanto, ainda há recurso para a sua vida financeira descontrolada. Descobri, recentemente, um aplicativo muito bom, muito completo, e muito fácil de ser atualizado. Ele se chama
Hábil Pessoal e é disponível para download gratuitamente. Tem, inclusive, vídeo-aula gratuita, que ensina você a utilizá-lo. Quando eu digo "gratuitamente" é com zero custo mesmo. O pessoal trabalha de graça, então? Claro que não! Há anunciantes que patrocinam o desenvolvimento do software. Há também uma versão paga para quem não quer ver o anúncio dos patrocinadores, ou para empresas. Mas não vejo necessidade de adquiri-la.

Bom, para começar, essas são as minhas sugestões: gastar menos que ganhar, organizar-se, obter auxílio – por exemplo, de um software desses – e, claro, trabalhar. Porque milagres não costumam acometer os que não trabalham. Tudo bem, pode colocar alguém para trabalhar para você, mas não esqueça que o trabalho é fundamental.

Controlar finanças pessoais, por mais que pareça, não é mágica. Trata-se de ilusionismo, que até parece mágica, mas tem toda uma lógica por trás. Vamos lá, mova-se! Tire o pé da lama. Quem sabe em breve já não dê para você pensar em ser rico também.

Ismael Alexandrino

Ao som de Moedas de Ouro sendo amontoadas
Degustando Green Label
Imagem: 'Eu odeio contar moedas' - Álvaro Martins

O rolo do Rolex

Artigo


No início do mês, o apresentador Luciano Huck escreveu um texto sobre o roubo de seu Rolex. O artigo gerou uma avalanche de cartas ao jornal, entre as quais uma escrita por mim. Não me considero um polemista, pelo menos não no sentido espetaculoso da palavra. Temo, por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino. Por outro lado, não arredo pé de uma boa discussão, o que sempre me parece salutar. Por isso resolvi aceitar o convite a expor minha opinião, já distorcida desde então.

Reconheço que minha carta, curta, grossa e escrita num instante emocionado, num impulso, não é um primor de clareza e sabia que corria o risco de interpretações toscas. Mas há momentos em que me parece necessário botar a boca no trombone, nem que seja para não poluir o fígado com rancores inúteis. Como uma provocação.

Foi o que fiz. Foi o que fez Huck, revoltado ao ver lesado seu patrimônio, sentimento, aliás, legítimo. Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal.

Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como "sou cidadão, pago meus impostos". Dias depois, Ferréz, um porta-voz da periferia, escreveu texto no mesmo espaço, "romanceando" o ocorrido. Foi acusado de glamourizar o roubo e de fazer apologia do crime.

Antes que me acusem de ressentido ou revanchista, friso que lamento a violência sofrida por Huck. Não tenho nada pessoalmente contra ele, de quem não sei muito. Considero-o um bom profissional, alguém dotado de certa sensibilidade para lidar com o grande público, o que por si só me parece admirável. À distância, sei de sua rápida ascensão na TV. É, portanto, o que os mitificadores gostam de chamar de "vencedor". Alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração.

E-mails de leitores que chegaram até mim (os mais brandos me chamavam de "marxista babaca" e "comunista de museu") revelam uma confusão terrível de conceitos (e preconceitos) e idéias mal formuladas (há raras exceções) e me fizeram reafirmar minha triste tese de botequim de que o pensamento do nosso tempo está embotado, e as pessoas, desarticuladas.

Vi dois pobres estereótipos serem fortemente reiterados. Os que espinafraram Huck eram "comunistas", "petistas", "fascistas". Os que o apoiavam eram "burgueses", "elite", palavra que desafortunadamente usei em minha carta. Elite é palavra perigosa e, de tão levianamente usada, esquecemos seu real sentido. Recorro ao "Houaiss": "Elite - 1. o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social [este sentido não se aplica à grande maioria dos ricos brasileiros]; 2. minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social [este, sim]".

A surpreendente repercussão do fato revela que a disparidade social é um calo no pé de nossa sociedade, para o qual não parece haver remédio – desfilaram intolerância e ódio à flor da pele, a destacar o espantoso texto de Reinaldo Azevedo, colunista da revista "Veja", notório reduto da ultradireita caricata, mas nem por isso menos perigosa. Amparado em uma hipócrita "consciência democrática", propõe vetar o direito à expressão (represália a Ferréz), uma das maiores conquistas do nosso ralo processo democrático. Não cabendo em si, dispara esta pérola: "Sem ela [a propriedade privada], estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos". Confesso que me peguei a imaginar esse sr. de tacape em mãos, lutando por seu lugar à sombra sem o escudo de uma revista fascistóide. Os idiotas devem ter direito à expressão, sim, sr. Reinaldo. Seu texto é prova disso.

Igual direito de expressão foi dado a Huck e Ferréz. Do imbróglio, sobram-me duas parcas conclusões. A exclusão social não justifica a delinqüência ou o pendor ao crime, mas ninguém poderá negar que alguém sem direito à escola, que cresce num cenário de miséria e abandono, está mais vulnerável aos apelos da vida bandida. Por seu turno, pessoas públicas não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate.

Por fim, devo dizer que sempre pensei a existência como algo muito mais complexo do que um mero embate entre ricos e pobres, esquerda e direita, conservadores e progressistas, excluídos e privilegiados. O tosco debate em torno do desabafo nervoso de Huck pôs novas pulgas na minha orelha. Ao que parece, desde as priscas eras, o problema do mundo é mesmo um só – uma luta de classes cruel e sem fim.

José de Ribamar Coelho Santos¹


Ao som de 'Bienal' – Zeca Baleiro
Degustando Suco de Limão (bem azedo)
Imagem: 'Relógio' - Dickson Júnior


¹José de Ribamar Coelho Santos, o Zeca Baleiro, é cantor e compositor maranhense.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Curiosidade sobre o Café

Curtas

Na Turquia dos séculos XVI e XVII, quem fosse pego tomando café era condenado à morte. Tomar café é algo tão prazeroso, mas tão prazeroso para quem o faz, que desperta inveja alheia. E essa coisa de tirar o prazer do outro é algo no mínimo sádico.

Ministério da Saúde adverte: "Ser sádico faz mal à saúde. Se os sintomas persistirem, o médico psiquiatra deve ser consultado. Em alguns casos, até mesmo o pai-de-santo do bairro ou um pastor da igreja universal. O tratamento é importante, mas custa caro."

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Bandeira' - Zeca Baleiro
Degustando Café com Fumaça, muita Fumaça

sábado, 27 de outubro de 2007

Eterno amor

Poesia


Se o que te passas
É o que me passa,
Então passaremos
O resto da vida
Passeando
De mãos dadas
E amando
Ver o tempo
Que não há
De passar.

Ismael Alexandrino




Ao som 'Let you Down' - Dave Matthews Band
Degustando Chá Gelado de Mate com Limão
Imagem: 'Trilha Pedra do Sino' - Ismael Alexandrino

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A arte de educar

Ensaio

Em sociedades patriarcais, conservadoras, judaicas, esquerdistas, fascistas, anarquistas, consumistas, e até mesmo naquelas sem estrutura filosófica que se adeqüe, sempre há uma maneira de se educar os jovens. Em muitas, a palavra certa seria 'controlar'.

Atualmente muitas crianças e adolescentes estão recebendo de seus pais ordens dadas a gritos; regras lhes estão sendo impostas e limites lhes são estabelecidos, não como uma forma de integrá-lo ao mundo da moral e da dignidade, senão como forma de torná-los toleráveis na vida em comunidade. Dever-se-ia ensinar a esses jovens o caminho correto a ser percorrido, apresentando-lhes as ramificações desses bons caminhos e as inúmeras vantagens que lhes são atribuídas. É fundamental lhes instigar a vontade de vencer e aprender. Autocontrole, confiança e segurança são a base maior de um caráter livre e que vence barreiras, sem delas fugir.



Para tanto, é preciso saber educar. A arte de educar exige prévia cultura, conhecimento histórico, boa retórica e inteligência articulante. É necessário dar bom exemplo. O filho, a fim de ouvir e seguir os ensinamentos do pai, deve, antes, se orgulhar dele. Ao se usar de parâmetros educativos, o objetivo é tornar o ser feliz, produtivo e sociável. Ao se usar de limites e ignorância – ameaçando punições –, o ser se tornará descontente, tentado, revoltado e errôneo.

Incrustado em si a humanização, e já de conhecimento de seu próprio valor, o jovem tende a construir seu caminho, independente e virtuoso. Embora tenha que respeitar, criticará e recusará a vulgaridade e os sensos comuns, os vazios em sua auto-reflexão, em sua essência.

A educação é como um gen. Seja este mau ou bom, passará aos descendentes das pessoas, e contaminará a população. Limites como: "volte no máximo às nove", "esteja na cama exatamente às dez" ou "não sairá com sua namorada hoje porque já saiu ontem", não são atitudes construtivas deixadas como herança. Mas "Sê melhor e anda com os melhores" é um sábio ensinamento deixado na família; perdura por gerações.

Há de haver assistências afetivas, atenção ao desenvolvimento do filho, estudo de sua psicologia, e propostas de atividades e competições que garantam não somente o crescimento humanitário do adolescente, como também a proximidade da relação pai-e-filho. São, pois, o início ideal da formação do jovem, sem que nada disso requeira extremo estabelecido que restrinja as ações do mesmo.

Gabriel Carvalho¹


Ao som de 'Pais e Filhos' - Legião Urbana
Degustando Milho Verde com Suco de Maracujá
Imagem: 'Pai e Filho em Lençóis-BA' - Ismael Alexandrino

Gabriel Carvalho¹, meu querido sobrinho do qual me orgulho, faz 2º ano do Ensino Médio no Colégio WR, em Goiânia-GO.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Stress, uma moda antiga

Crônica

Que horas são? Você não está atrasado para alguma coisa? Não deveria estar fazendo algo em vez de estar lendo isto aqui? Que horas você se levantou hoje? O que você fez durante o dia? Enfrentou alguma fila? Teve uma conversa desagradável com alguém? O trânsito estava tranqüilo? Ouviu alguma notícia de morte, guerra, terrorismo, destruição, assalto a banco, violência, tráfico de drogas ou algo do tipo? Tem alguém doente na sua família? Ficou algo que deveria ter feito durante o dia, e você não fez? Quando for deitar você ficará pensando no que ocorreu durante o dia, e que não te agradou? Ou, no que deve fazer amanhã? A propósito, que horas você tem que levantar amanhã para fazer tudo que tem feito e ainda completar o que não foi feito hoje?

Essa é a dinâmica do mundo contemporâneo. Um corre-corre sem fim. Parece que nunca cumprimos tudo que devemos e, quando o fazemos, nem sempre agradamos a todos. O fato é que a todo instante no dia-a-dia estamos expostos a situações geradoras de stress. Dizem os especialistas que é a doença da contemporaneidade, a doença do século XXI. Sim, uma doença e, como tal, precisa ser tratada, precisa-se saber lidar com ela.

Desde os tempos longínquos o homem esteve convivendo com esse mal que extenua a vida. Achar que só hoje existe stress, e que este é a moda no momento, é tapar os olhos para o passado.

Os homens, quando habitavam lugares rudimentares, como cavernas e cabanas, tinham que caçar o próprio alimento e se viam expostos às diversas feras. Isso, certamente, gerava-lhes certo grau de stress. As esposas destes, enquanto eles estavam no campo cuidando da lavoura, pensavam quando viria a chuva para crescer a semente, e, assim, poderem colher e cuidar dos seus filhos. Ou, quando estavam à espera dos maridos que saíram para caçar algum bicho, possivelmente ficavam ansiosas por sua volta são e salvo. Condições que certamente também criavam stress.

Na Antigüidade, as épicas guerras de conquistas como, por exemplo, o avassalador império Romano ou a ditadura ferrenha de Esparta, na Grécia, com certeza fora motivo de angústia para os que viveram naquela época.

A ditadura religiosa do medievo, sob o comando alienante da Igreja Católica, e, logo após, o afã do Renascimento, possivelmente não foram inocentes à angústia daqueles queimados na fogueira do Tribunal da Inquisição.

A modernidade, a ferro e a fogo, incomodou a muitos com as Revoluções Francesa, Industrial e tantas outras. A história põe-nos à vista diversos episódios que atentaram contra a tranqüilidade humana e, sem dúvida, fomentaram o stress.

E a pós-modernidade segue dando sua contribuição muito bem.

Percebe-se, então, que não se trata de algo novo, que surgiu recentemente. Contudo – e é nisso que devemos estar atentos –, vivenciamos um período de maior exposição a situações geradoras de stress, situações que não podemos simplesmente fugir. Pois elas estão à nossa porta, dentro da nossa casa, onde quer estejamos. Com essa percepção, o stress deve ser encarado como algo que deve ter sua gênese, sua causa compreendida. Só assim será possível conviver com ele, buscando, acima de tudo, o equilíbrio para dele se defender.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Smaointe' - Enya
Degustando Café Mocaccino com Cauda de Chocolate
Imagem: 'Contraste' - Fabiano Ruiz

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Tonteira

Prosa Poética

O vento silva nos meus ouvidos, desgrenha os meus cabelos, embala velozmente a lânguida janela que se arrebenta contra a parede.

Uma nuvem negra me sufoca o semblante. Em breve o aguaceiro brotará dos meus olhos.

Sílvio Sebastião¹


Ao som de 'Braveheart theme' - Enya
Degustando Chá Mate
Imagem: 'Nuvem negra' - Erico Christmann


Sílvio Sebastião¹, meu irmão mais velho, é analista de sistemas sênior, também graduado em publicidade e propaganda, pós-graduado em marketing, e com MBA em marketing.

sábado, 6 de outubro de 2007

Sobre poetas em dias (in)úteis

Curtas


Li, certa vez, que os poetas não abrem aos domingos e feriados. Pois estou numa praia semi-deserta na costa nordeste do Brasil. Sim, estou fechado para um balanço (tranqüilo na rede).

Ismael Alexandrino



Ao som de 'Vivir Sin Aire' - Maná
Degustando Coquetel de Frutas Gelado

Economizar, economizando...

Artigo


Uma das grandes dificuldades dos nossos dias atuais tem sido a grande dificuldade em economizar. No esboço da economia atual, fica cada dia mais difícil fazer “poupança”* , ora em função da cultura consumista de um país, ora em razão da renda não ser suficiente para os gastos mensais. Mas, mesmo assim, com algumas ações, podemos driblar e criar uma cultura acumulativa, e nos beneficiarmos também das benesses das aplicações financeiras.

Na maioria dos países onde existe uma grande circulação de dinheiro e certa estabilidade nos fatores macroeconômicos – ou seja, taxas de juros controladas, inflação controlada e fatores políticos pró-desenvolvimento é muito fácil ter acesso ao crédito –, comprar um carro não é uma questão difícil. No Brasil, atualmente, me deparei com uma concessionária vendendo um automóvel zero com a entrada com cheque para 2009, e o saldo parcelado em 84 vezes. Os bancos privados no Brasil, para fugir do compulsório, têm aberto financiamento para compra da casa própria com taxas de juros baixíssimas chegando a 8% ao ano** e financiamento em até 25 anos. Dizem, ainda, que essa situação ainda vai melhorar com a queda da taxa de juros no Brasil. Nos Estados Unidos não é diferente quando nos deparamos com a relação custo de vida. Os preços percentuais de gasolina, eletrônicos, eletrodomésticos, vestuário e muitos outros, em relação ao salário são relativamente baixo comparados com países como Argentina, Chile, México, Brasil, Turquia, dentre outros. Então fica a pergunta: por que não conseguimos comprar tudo o que queremos e no final do mês ainda estamos apertados?

É uma pergunta bem subjetiva, e as respostas podem ser inúmeras, dependendo das circunstancias. Porém, o mais importante consiste num bom planejamento orçamentário. Planejar o orçamento do mês e da família consiste em abdicar de algumas coisas em prol de um objetivo maior, que é não se apertar, e ainda sim gerar rendimentos. Sim, é possível gerar rendimentos.

O primeiro passo faz-se importante estipular uma percentagem de quanto será poupado mensalmente do salário, e criar, a partir daí, um fundo de reserva, poupança, ou seja, uma verdadeira lei a ser seguida todo mês. O segundo passo, tão difícil quanto o primeiro, é fazer tentar caber dentro do saldo estipulado toda a cesta de bens consumida. Nesse ponto entram os consumos fixos mensais como luz, telefone, gasolina, supermercado, etc. e os supérfluos que às vezes nem são tão desnecessários assim como vestuário, academia, restaurantes, etc. As prestações assumidas também devem ser levadas em consideração e devem caber dentro do orçamento familiar.

Com a difusão da internet e da computação em nível de software pelo mundo, existem vários programas que auxiliam no controle dos gastos mensais. O mais conhecido deles é o
Microsoft Money, um excelente auxiliador de controles de gastos. Nele você pode lançar os gastos por categorias e saber para onde vai seu dinheiro. Existem alguns alertas que o programa lança no sentido de mostrar as despesas que estão fora do desvio padrão, como um aumento de 30% nos custos de restaurante por exemplo. O programa também calcula o fluxo de caixa e sugere as datas para melhor caírem futuras novas despesas. É acessível a qualquer um, mesmo aquele eu não possui nenhuma experiências em contabilidade, economia ou administração.

Dificuldades nesse percurso todos enfrentam, mas a única maneira de conseguir economizar é planejar, organizar e ser metódico no planilhamento das despesas. Se não conseguirmos saber para onde vai nosso dinheiro, não conseguiremos saber onde buscá-lo.

* Poupança no sentido de acumular capital, não no sentido de aplicação financeira.
** As modalidades mais encontradas nesse sentido por enquanto tem sido 8%a.a. nos três primeiros anos e 12% a.a. nos meses subseqüentes.

David Vieira Gonçalves¹


Ao som de 'Desafinado' - Tom Jobim
Degustando Arroz com Feijão e Ovo (cardápio econômico)
Imagem:'To whom it may concern' - Marcos Vasconcelos


David Vieira Gonçalves¹, grande amigo, é Mestre em Economia pela UFPE, e Diretor Comercial do Grupo Santista - Food Business.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Falta calor e sabor na internet

Crônica


A internet ainda me frustra. Claro que hoje minha vida seria mais difícil sem ela. Não restam dúvidas de que ela me traz inúmeras facilidades. No entanto, as coisas fáceis nem sempre são as melhores. E a internet deixa a desejar. Explico, rapidamente, ao caro leitor: sou sinestésico.

Tudo se resume nesta minha confissão. O mundo virtual só consegue estimular minha visão e audição. Infelizmente, os computadores ainda não exalam cheiros, gosto, nem nos sensibiliza o tato de forma apurada. Se bem que já ouvi falar que tão logo alguns computadores vão liberar cheiro a partir de um cartão contendo inúmeras essências, assim como os cartuchos de tinta atuais. Desta forma, quando se entrar, por exemplo, num site de perfumes, sentirá as diversas fragâncias, podendo escolhê-las sem ter de sair de casa. Não diferente, ao entrar num site de cafés, o cheiro dos grãos torrados poderão ser facilmente percebidos. Mas...e o gosto? Ainda sim não serei saciado.

Eu preciso sentir o gosto. Rubem Alves – grande escritor e contador de estórias –, diz que o cientista conhece as coisas com a cabeça; os sábios, com a boca. Apesar de a medicina ser uma realidade na minha vida diária, acho que não tenho vocação para cientista. Nem quero ter. Os cientistas são frios, matemáticos, estatísticos. Posso constatar isso cada dia mais. Pouco entendem das coisas do coração, principalmente do coração alheio. E isto, porque muitas vezes não escutam o que a boca do paciente diz, e, em não o fazendo, não usam a própria boca em favor do outro. E, por isso, erram nas condutas...cada vez com mais freqüência.

Diante de uma dor de cabeça, logo prescrevem um analgésico potente. Conhecem a cabeça das pessoas pelas fórmulas bioquímicas, e pela cabeça deles. Sobra ciência. Falta sabedoria; falta sapiência. O analgésico diminui a liberação de prostaglandinas, e a dor, momentaneamente, passa. Mas o analgésico não muda os hábitos de vida, não tira preocupações, muito menos estresses. E mudar hábito de vida, dirimir preocupações, aliviar estresses requer saber ouvir, requer saber falar. Requer tempo.

Tempo?! O que é isto? Diriam alguns, espantados. Ora, tempo é aquilo que passa rápido e você não vê. Como não vê, diz não ter para praticar exercícios físicos, não ter para ouvir o seu filho, para sua esposa, para seu marido, para estudar, para curtir a vida, para passear, para apreciar uma boa música, para tomar café feito no fogão a lenha. E, definitivamente, não ter para ficar à toa, fazendo absolutamente nada, contemplando o ócio, já que isso é coisa de gente que tem tempo sobrando.

Pois eu tenho tempo sobrando. Sempre tive. As prioridades que às vezes mudaram. A minha prioridade atual é ficar fazendo quase nada, deitado numa rede, comendo um biscoito de queijo feito num forno de barro, na roça. Para completar, acrescento um café com grãos torrados e moídos na hora, bem quentinho, feito num fogo preguiçoso de uma fornalha acessa com gravetos.

Uma prioridade dessas, por mais desenvolvido que seja, o mundo virtual não aplaca. Aquele cheiro da fumaça que sobe em volúpias, aquela liga do biscoito que só os de fazenda, com muito queijo, têm. O balançar da rede...

Penso que a internet precisa de mais sábios, e menos de cientistas. Os cientistas só vêem, observam e pensam; não sentem cheiro, não percebem o gosto. Definitivamente, não compreendem o que eu digo.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Jardim da Fantasia' - Renato Teixeira e Pena Branca & Chavantinho
Degustando Biscoito de Queijo com Café Preto
Imagem:'Biscoito de queijo caseiro' - Ismael Alexandrino

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Peixe Grande – o fantástico na vida

Resenha

É sabido que a mente humana é um grande mistério. Muitos tentam ininterruptamente decifrá-la. Dedicam o curso das suas vidas a tentar entender o intangível, complexo, contagiante, e quase ilimitado mundo da psiquê. Outros, nem se atentam, e vivem totalmente à mercê de suas próprias histórias, sem a consciência exata da influência delas no contexto em que vivem. Ainda há aqueles que, mesmo sem grandes aspirações em teorizar a respeito, percebem que a vida é como um grande espetáculo, e, então, sobem no palco com uma motivação muitas vezes incompreendida pela maioria.

No filme ‘Peixe Grande’, podemos perceber toda essa diversidade comportamental. Seria pretensão desmedida querer esgotar nestas poucas linhas os diversos aspectos e as muitas abordagens que o filme traz à tona. Contudo, algumas reflexões filosóficas e psicológicas são válidas e pode-se expendê-las.

Edward Bloom é um homem de grandes sonhos, paixões e histórias inesquecíveis. Viveu intensamente, isto é fato. Mas o que chama atenção é a forma fantástica que ele contava todas às suas histórias, principalmente ao seu filho William. Não se pode dizer enfaticamente que ele mentia para seu filho. Não se questiona, no entanto, que se atentarmos para a realidade, ele extrapolava em sua imaginação. Isso pode ser visto claramente logo no início do filme quando Edward Bloom começa narrando a história de um peixe grande que parecia escabrosa, mas que explicava alguns fatos de sua vida. No final do filme, percebe-se claramente que, na verdade, o Peixe Grande do rio é o próprio Edward Bloom. A história fantástica que ele contou do Peixe Grande foi a forma que Edward encontrou de relatar a própria vida, a grandeza e a singularidade dela. Ele personificou um peixe imaginário, atribuindo a ele fragmentos importantes, ritos de passagem da sua vida.

William via seu pai como um grande mistério e nos últimos anos de vida do velho, começou a juntar peças para tentar montar uma idéia real de seu pai. Percebeu que o pai vivia a maioria das histórias, mas que, ao contá-las , dava um toque de fantástico, de grandioso, de espetacular a elas, assim como as crianças, ao contar suas histórias o fazem. Isto, chocava William – que encarava a vida de forma bastante pragmática e cartesiana. Sentia-se incomodado também o fato de o pai sempre atrair atenção, mesmo quando as atenções deviam estar voltadas a outros, ou ao próprio William. Psicanaliticamente, percebe-se que Willian, na verdade, tinha muito do seu pai, mas não conseguia exteriorizar, sentindo-se incomodado muitas vezes. Quando ele tirou as amarras do ceticismo com que encarava a vida, e entrou no mundo de seu pai Edward Bloom, já no leito de morte, William entra no mundo maravilhoso do seu pai e consegue elaborar uma história tão fantástica quanto as que sempre ouvia do velho. E, assim, auxilia seu pai a encarar a morte de forma natural e tão encantada quanto a vida.

O filme mostra William com a devida compreensão do mistério que era seu pai, pois entrou no mundo dele. Pode perceber que um “homem conta suas histórias tantas vezes que se mistura a elas. E elas, sobrevivem a ele. E é desse jeito que ele se torna imortal.” Ao contrário do que René Descartes dizia – que, para existir, bastava pensar –, William saiu de sua existência que até então era latente e não só pensou, mas agiu, criou, contou histórias ao seu filho. E, com certeza, foi não só um ser humano único e singular, mas também imortal.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Angel' - Dave Matheus Band
Degustando Crepe de Banana com Chocolate e Queijo
Imagem:'Tubarão em Fernando de Noronha' - Ciliares Mergulho

Sobre o ato de escrever

Curtas


"Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias."

Pablo Neruda¹


Ao som de 'La flor de la canela' - Ocarina
Degustando Frapê de Pêssego

Pablo Neruda¹, poeta chileno, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, faleceu em 23 de setembro de 1973.