Café Alexandrino - O lado aromático da vida

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Férias, Inverno, Café e Livros

Indicações


Julho para muitos é sinônimo de descanso. Anseia-se pelas esperadas e merecidas férias. Em grande parte do país, faz um friozinho gostoso, com cheiro de café quente feito com grãos moídos e torrados na véspera. Tende-se ao recolhimento buscando o aconchego. Devidamente aconchegado, com tempo disponível e namorando o silêncio, é natural -- para os amantes da leitura -- a busca por bons livros.

Pensando nisso e na comodidade dos amigos, com a preciosa ajuda do escritor brasileiro Luiz Ruffato, o Café Alexandrino™ preparou algumas sugestões de livros que poderão ser lidos neste inverno.

Café Alexandrino™ ...a delícia de viver, promovendo o bem-estar e a cultura, indica:

- Dom Quixote de La Mancha
Miguel de Cervantes Saavedra, ed. Revan

Eleito em 2002 o melhor livro de todos os tempos, um feito nada desprezível para um autor de língua espanhola num mundo dominado pela cultura inglesa, a aventura criada por Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616) está de tal forma incorporada ao nosso dia-a-dia, que nem nos damos mais conta de que nascem dele expressões como "quixotesco", "lutar contra moinhos de vento", "cavaleiro da triste figura", "fiel escudeiro"... Desde seu lançamento, em 1605, a história do sonhador Dom Quixote que sai pelo mundo em combate contra a "corrupção dos costumes" foi amada pelo público, a tal ponto que dez anos depois, em 1615, ganhou um segundo volume. O êxito desta paródia das novelas de cavalaria só tem crescido desde então - seja pelo seu humor, ora escrachado, ora sofisticado, seja pela extrema contemporaneidade de suas críticas à mediocridade e ao imediatismo. (Nas livrarias, o leitor se depara com várias edições: luxuosa, com ilustrações de Salvador Dalí pela Planeta; bilíngüe, em tradução de Sergio Molina para a Editora 34, ainda no primeiro volume; em dois volumes, pela L± ou em três, com ilustrações de Gustave Doré, pela Ediouro; em papel-bíblia, pela Nova Aguilar; ou a avalizada pelo Instituto Cervantes, ainda em primeira parte, tradução de José Luís Sánchez e Carlos Nougué, pela Record - além de adaptações para quadrinhos, cordel...).


- As Flores do Mal
Charles Baudelaire, ed. Nova Fronteira

Essa obra-prima da literatura universal foi sendo construída verso a verso durante toda a vida do francês Charles Baudelaire (1821- 1867). Talvez possamos sintetizar toda a preocupação de sua obra no primeiro e último versos do primeiro poema do livro, intitulado "Ao leitor", em que Baudelaire assinala as suas preocupações principais, "a tolice, o pecado, o logro, a mesquinhez" e conclama-nos, "hipócrita leitor, meu igual, meu irmão", a vencer o "monstro delicado" do Tédio. Ao longo de quase 700 páginas, magistralmente traduzidas por Ivan Junqueira, vamos nos surpreendendo pela sua capacidade de percepção da modernidade - o "eu" lírico que deixa de cantar o herói para se encantar com o anti-herói que somos todos.



- Livro das mil e uma noites
Anônimo, ed. Globo


À parte a importância para o imaginário ocidental das edições Galland (francesa) e Burton (inglesa), pelas quais o leitor brasileiro teve acesso a esse clássico da literatura árabe, agora se sobrepõe a tradução de Mamede Mustafa Jarouche, direta do original, cujos dois primeiros volumes ("ramo sírio") acabam de ser publicados. Mesmo quem nunca leu conhece o enredo do cruel rei Sahriar (Xahriár) que, traído pela esposa, perde a confiança no gênero feminino e, para aplacar sua revolta, casa-se a cada dia com uma mulher diferente, que condena à morte na manhã seguinte. Até que Sarãzãd (Xahrazád ou "Xerazade") se propõe a acabar com o morticínio, por meio de uma sofisticada artimanha: na noite de núpcias inicia uma história que, devido ao adiantado da hora, não pode acabar, obrigando o monarca a conceder mais tempo para terminá-la, e as fábulas se sucedem, noite após noite, até estancar o ódio do seu coração.
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- As Crônicas de Nárnia
Clive Staples Lewis, ed. Martins Fontes

As Crônicas de Nárnia são uma série de livros infantis escrita por C.S. Lewis que conta as aventuras que ocorrem em uma terra fictícia denominada Nárnia. Nesta terra animais podem falar, criaturas mitológicas estão em todo lugar e o bem combate o mal. As histórias contém aspectos do Cristianismo apresentadas de forma sutil juntamente com algumas idéias do autor. Um dos personagens mais importantes da história, o leão Aslam, representa Jesus Cristo, está presente em todos os livros ao longo da série.


- Crime e Castigo
Fiódor Dostoievski, Editora 34


Publicado em 1866, é, dentre a vasta obra do russo Fiódor Dostoievski (1821-1881), uma das mais conhecidas. Dividido em duas partes, a primeira conta a história do pobre estudante Raskólnikov pelas ruas de São Petersburgo, cidade-síntese de toda a Rússia czarista, na qual convive com a miséria física e moral de sua época. Influenciado por estranhas idéias místicas, assassina duas mulheres para roubar jóias, confessa o crime e é condenado ao desterro. A segunda parte transcorre nas paisagens geladas da Sibéria, onde, por meio do castigo, Raskólnikov busca a redenção. A tradução, direta do russo, é de Paulo Bezerra.


- O Som e a Fúria
William Faulkner, ed. Cosac Naify


Prêmio Nobel de Literatura de 1949, William Faulkner (1897- 1962) radicaliza, nesse romance de 1929, seu processo narrativo, buscando penetrar no recôndito da alma atormentada de seus personagens, membros da decadente família de brancos escravocratas do sul dos Estados Unidos, os Compson. Aqui, as quatro datas (blocos) em que se divide o romance - 7 de abril de 1928, 2 de junho de 1910, 6 de abril de 1928 e 8 de abril de 1928 -, mais que demarcar o tempo, servem para implodi- lo, expondo com profunda originalidade os segredos e as culpas de uma sociedade violenta e cruel - numa magistral tradução de Paulo Henriques Britto.
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- Grande Sertão: Veredas
João Guimarães Rosa, ed. Nova Fronteira

Monumento da língua portuguesa, que neste ano completa 50 anos de publicação, esse romance pode até ser lido como uma história de jagunços no interior de Minas Gerais -- e até mesmo pode ser considerada "obra regionalista": a genialidade de João Guimarães Rosa (1908-1967) impõe a multiplicidade das leituras. Uma delas, com a qual mais me identifico: Grande sertão: veredas é a narrativa da institucionalização da violência no Brasil, através das memórias de Riobaldo Tatarana.
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Ismael Alexandrino

Ao som de 'I've Got A Crush On You' - Rod Stewart
Degustando Café Preto
Imagem: Logomarca do Café Alexandrino?