Café Alexandrino - O lado aromático da vida

sábado, 28 de junho de 2008

Meu último poema

Poesia
Onde está a paz?
Onde está o perdão?
Será que estão concentrados
Rezando
Num campo de concentração?

Onde está o amor?
Onde está o valor?
Será que estão delicados
Repousando
Numa lixeira da maternidade?

Onde está a comida?
Onde está a esperança?
Será que estão alados
Voando
Nos bolsos engravatados da ganância?

Onde estão os religiosos?
Onde estão os humanistas?
Onde estão os políticos?
Morreram todos na última guerra?
Já não são mais?

Onde estão todos, por favor?
Terminarei o meu último poema sozinho?

Eu grito; não ouvem.
Eu aceno; não enxergam.
Vivo o caos
Vivo o mal
Vivo o fim
Não vivo mais.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'One' - U2
Degustando Hemáceas
Imagem: 'Dachau Concentration Camp' - Hugo César

domingo, 22 de junho de 2008

Na janela velha

Poesia
Sabe, Dona Branquinha,
Daquela mocinha tímida

Eu só queria

Um namorinho de portão:


Dois olhares

Dois segundos

Dois "ois"


Duas cartas
Duas mãos

Duas alianças


Um altar
Um "sim"

Um coração.


Ismael Alexandrino



Ao som de 'Morena Flor' - Vinícius de Moraes e Toquinho
Degustando Chocolates Suíços

Imagem: 'Foto da Janelinha' - Patrícia Pedrini

sábado, 21 de junho de 2008

Eu quero fazer nada - o Nadismo

Manifesto

Quero que haja tempo para não ter nada para fazer.
Quero desfrutar destes momentos tranquilamente, sem pressa.
Quero compartilhar isso com os amigos.

Eu quero acabar com a pressão sufocante de estar sempre correndo atrás de um objetivo, de ter que estar o tempo todo fazendo algo que seja produtivo, útil, eficiente, rápido, dentro do prazo.

Quero minimizar a terrível sensação de que, por mais que se corra, nunca dá tempo para fazer tudo e nunca sobra tempo que não seja seriamente planejado, pois ficar sem fazer nada dá a impressão que se está perdendo tempo e isso nos faz sentir culpados.
Quero eliminar a pressa que faz a vida passar cada vez mais rápido.

Vivemos num sistema desregulado que nos cobra um preço muito alto: tensão, ansiedade e estresse.
Sei que não sou o único que sente isso e certamente há mais gente que se deu conta que está na hora de encontrar um equilíbrio e atentar para a qualidade da nossa vida agora e não depois, quando der.
Estou certo de que podemos mudar essa situação por que somos nós que fazemos as escolhas e podemos escolher ir mais devagar, aproveitando melhor o caminho.

Por isso foi criado o Clube de Nadismo. Para proporcionar a experiência, para dar o gostinho, para criar o hábito e para que ele se estenda e repercuta na vida como um todo.
Não se trata de uma pausa para descanso para depois voltar com todo gás.

É fazer nada sem objetivo nenhum, como um fim em si mesmo.
É algo para ser absolutamente sem utilidade, não produtivo, sem expectativas, sem controle. Simplesmente relaxar e deixar acontecer.
Deixar fluir.

Espero que assim chegue o dia que a palavra estresse seja obsoleta.

Conto com todos os que quiserem fazer parte deste tempo de serenidade, harmonia e consciência.
Vamos não fazer juntos.

Marcelo Bohrer, o Marboh¹


Ao som de 'Nada'
Degustando 'Nada'
Imagem: Mascote do Clube de Nadismo - Marboh

¹Marcelo Bohrer, o Marboh, é designer, consultor criativo e fundador do Clube de Nadismo.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sobre a inteligência

Curta

Estou convencido de que inteligência é afrodisíaco.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Fast car' - Tracy Chapman
Degustando Suco de Limão

terça-feira, 17 de junho de 2008

Há Um Refúgio

Artigo


Quando o rosto enrubescer, e a vergonha tornar a expectativa em frustração. Há um refúgio para se refazer. Quando o olhar se perder na imensidão da noite tentando contar as estrelas faiscantes. Há um refúgio seguro como um porto para se ancorar no inverno. Quando as lágrimas se secarem nas faces tristes que abraçaram a solidão. Há um refúgio para oferecer o afago que consola. Quando todas as esperanças desvanecerem, pedindo o golpe de misericórdia que põe fim ao sofrimento. Há um refúgio que renova as forças e torna os punhos fortes para lutar.

O refúgio não é secreto e nem fica distante. Basta abrir e fechar após si uma porta. Porta que aberta chama para a luz, e que fechada abre as cortinas da paz como um sol brilhante depois de uma manhã chuvosa e fria. A paz que aquece sem queimar. Nesse lugar todos os sons se calam, pois é tempo de orar.

O segredo não está nas mãos postas ou nos joelhos dobrados. Está no coração quebrantado que se deixa derramar diante do Pai que vê no secreto e enxerga no meio da escuridão. Diante de quem nada fica de pé. Diante quem tudo se encurva para adorar. Diante de quem se deve retirar as sandálias dos pés.

Ele vem com o seu olhar e seu abraço. Sua luz dissipa toda escuridão, até mesmo a escuridão do coração. Diante daquele que se ajoelhou ele exercita sua majestade diferente e aceita a dura confissão. Ah! Quem pode medir o seu amor! Quem pode descrever o seu calor! Quem ficará de pé diante do Filho do Homem!

Então a escuridão revelará o brilho oculto da sua luz que ele só revela a quem quiser revelar. Incontrolável poder que arrasa o pecado e que destrói todas as fortalezas da alma que aflita se rende. Ah! Eu vou morrer se ele não me salvar! Estou perdido! Caído diante de uma presença santa, bela, insondável e indescritível. Estou totalmente em suas mãos. Que bom que é assim, pois ele é a própria bondade, a justiça que não erra; o perdão que não acaba. O pastor que toma a ovelha perdida nos seus braços e a carrega para casa, a sua casa.

No silêncio e do silêncio ouço a sua voz. Escrita nas palavras do livro sagrado. Escrita nos meus ouvidos e na minha memória. A sua presença percorre livremente os caminhos secretos de minha alma. Ele me busca e me encontra e eu me rendo e me deixo levar. Ele me conduz ao rio e me dá de beber. Lava meus machucados e cuida de mim sem eu merecer.

Depois ele fica por ali, olhando para mim. Olhando com amor, sem parar, sem mudar a direção do olhar. Ele pára e me escuta. Nada diz, mas o seu silêncio fala tudo! Não vai embora, mas não me condena. Não me deixa, mas me liberta. Eu fico confuso e o amo. Eu não entendo, mas retribuo. Nada pergunto, mas a tudo entendo, pois ele responde e fala no meu coração. Dentro de mim. E eu me lembro das palavras escritas no livro que eu li e que foram guardadas na mais profunda gruta de minha memória. Elas ressoam com o vento. Elas me saciam com a água do rio que corre sem parar e que vai para um imenso mar azul que se abre numa enseada cercada de montanhas e árvores coloridas de um outono calmo, sereno e tranqüilo no entardecer.

Hélio de Oliveira Silva¹


Ao som de 'The mass' - Era
Degustando Suco de Laranja
Imagem:'Por onde andei' - Ismael Alexandrino


¹Hélio de Oliveira Silva é pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sobre a emoção

Curtas

Quando há muita emoção, o coração se cala, e os olhos dizem o que a alma sente.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Tocando em frente' - Almir Sater
Degustando Pão de Queijo com Coca-Cola

sábado, 7 de junho de 2008

Hora herética

Poesia


Dotada de meiguice e sordidez
Fitavam-me diamantes sedutores
Da abóboda ao sótão de minh'alma
Templo gótico que me tornei.

Sacrossanto cálice rosso
De corpo sedutor, liso-aveludado
Convertia-me cada vez mais ao gótico,
Culminava erótico
Em ogivas pontiagudas.

Imoral.
Valentina era imoral.
Amoral, para falar a verdade.
Mas apaixonante!
Um animal de trejeitos sutis.

Ferormônios excêntricos,
Transpirava almíscar
Expirava almíscar
Era almíscar.

Almisracada, seduzia-me.
Mascarada, enganava-me.

Seduzido e apaixonado,
Jurei-lhe amor eterno(ou quase!).

Enganado e ressentido,
Ocultei-lhe versos ternos(ou quase!).

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Caminhos cruzados' - João Gilberto
Degustando Vino Rosso
Imagem: 'Taça de vinho' - Elisandro Dalcin