Café Alexandrino - O lado aromático da vida

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Amar vale mais que um kilo

Crônica


Já é véspera de Natal. Se finda mais um ano. Trabalhei, corri, brinquei, abracei, sorri, escrevi, poetizei, chorei. Amei. Amei muito e em todo instante. Amei meus pais, amei meus irmãos, avós, tios, sobrinhos, amigos, amor. Amei até quem eu não conhecia. Vivi. Intensamente. Vivi de amor.

O hipermercado perto da minha casa já foi decorado há alguns dias. No shopping center, oficialmente, foi declarado o início da temporada de Natal. Eu nem sabia que Natal era uma temporada. Quando criança, falaram-me que Natal era uma festa, num determinado dia, para celebrar o nascimento de Jesus, o Cristo. Sempre entendi como uma celebração de um momento marcado por uma grande demonstração de amor. Porque, afinal, ninguém demonstrou mais amor ao próximo que aquele Menino da Manjedoura. Na minha ingenuidade infantil, Natal não teria temporada. Mas o comércio diz que tem.

O interessante é ver as decorações verde, vermelha, dourada e branca. Tudo muito lindo – admito. Mas me causa alguma estranheza. Os presentes sugeridos, então, são os mais criativos possíveis. Na ocasião que Jesus nasceu, conta-se que reis magos o presentearam com ouro, incenso e mirra. Daí as cores da decoração: a dourada do ouro; a vermelha e a verde da mirra – espinhosa árvore de folhas caducas verdinhas e de flores vermelhas; e a branca da fumacinha do incenso. Ou da aura de paz da ocasião, ou até mesmo da estrela que guiou os reis magos até aquele local. Sei lá.

Penso que o principal naquele nascimento não eram os presentes. E sim o recém-nascido. E o recém-nascido viera para mostrar e dar amor ao mundo.

Mas hoje as coisas não são dadas. São vendidas. E o amor está em falta no comércio, ele não está em promoção nas prateleiras do shopping. É. O amor não está à venda. Talvez por isso esteja tão escasso na sociedade. As pessoas já não podem mais ser reconhecidas por aquilo que são. As pessoas só podem ser reconhecidas pelo que têm, pelo que conseguem comprar. Como o amor não está à venda no comércio, não existe amor na praça. O estoque foi para o espaço, já era. O amor está em extinção.

Aí vejo algumas pessoas nessa época querendo manifestar algum amor na família ou entre os amigos. Ficam emotivas, sorridentes, buscam reconciliação, marcam confraternizações nas empresas, em casa, nas famílias, nas associações de bairro e até nas igrejas. Gente que em todos os outros instantes do ano são rancorosas, sem compaixão, vivem distantes do amor. Aliás, sobrevivem.

Tudo bem, se o amor está em extinção, é preciso economizá-lo ao máximo durante o ano para sobrar pelo menos um pouquinho para ser demonstrado no Natal. Vi falar que tem um empresário com visão humano-capitalista que abrirá uma loja para vender amor aqui perto de casa. Não sei ainda se será vendido em litros, dúzia ou quilograma.

Sugiro, no entanto, que façamos como nos reflorestamentos ambientais. Em vez de economizarmos o amor durante onze meses e vinte e poucos dias com medo de acabar, podemos plantá-lo em cada dia do ano durante o ano todo. Amar sempre e muito pode dar certo.

Chega de economizar amor somente para o Natal. Que nesta época possamos sim demonstrá-lo e vivê-lo em família e entre amigos. Mas ousemos expandi-lo além do tempo, contagiar quem nos rodeia a começar de agora. Vivamos com amor intensamente, sem reservas. Ah!, ... ia me esquecendo: já é véspera de Natal.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Imagine' - John Lennon
Degustando Sorvete de Canela e Café
Imagem:'Presépio Paço Alfândega' - Ismael Alexandrino

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O tempo se renova

Curtas

Somente onde há sepulturas há também ressurreições.

Friedrich Nietzsche



Ao som de 'Como nossos pais' - Pedro Mariano
Degustando Suco de Maracujá

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A essência do que é precioso

Curtas

Não existe pedra semipreciosa, assim como não existe mulher semigrávida. Uma pedra é preciosa ou não é.

Hans Stern¹


Ao som de 'Feel' - Robbie Willians
Degustando Frapuccino


Hans Stern¹ é presidente da rede de lojas de jóias H. Stern.