Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

No princípio era O Verbo

Já fui indagado na Academia e na vida cotidiana e profissional do porquê que eu, como médico, acredito em Deus. Segundo o silogismo de quem me indagou, as premissas são que "ser médico é ser cientista, e para ser cientista, não se deve acreditar em Deus".

Ledo engano. Sinto muito em frustrar quem me perguntou. Quanto mais estudo a medicina, a vida, a saúde ou a falta dela, o ser humano, os demais seres viventes, e também os inanimados, quanto mais vivencio o improvável, os milagres, mais acredito em Deus.

Lembro-me de Louis Pasteur: "Um pouco de ciência nos afasta de Deus.  Muito, nos aproxima!"

Tenho o direito de acreditar que exista no mundo algo muito maior, adimensional, transcendente, inexplicável e impressionante, que gerou, deu forma, e rege todas as coisas; as passadas e as que hão de vir; as do Chronos, e as do Kayrós.

Mais que direito, tenho convicção.

E a este ente inexplicável, que muitos chamam de "Energia", eu opto por chamar de Deus. Deus, palavra que em si encerra todo significado. Poeticamente, O Grande Arquiteto do Universo.

É tão espetacularmente simples que chega a ser constrangedor. E não tem a ver só com fé, tem a ver com inteligência, raciocínio organizado, percepção, lucidez. Sou uma das pessoas com menos fé que conheço. "Homem de pequena fé", admito.

O interessante é que a falta de fé não exclui a existência de Deus. Com fé ou sem fé ELE existe, e não depende de confissões, assertivas, constituições, profissões de fé, encíclicas, pregações, crenças, pastorados, mentoriados, ou papados.

Que o amor infinito e sobrenatural de Deus possa nascer em cada coração. Que a paz surpreendente que vem Dele e que excede todo entendimento possa invadir cada célula do seu organismo e dos da sua família.

Desejo que este nascimento em cada ser humano seja constante e intenso.

Feliz nascimento! Feliz natal!

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Aria' - Sebastian Bach
Degustando Miolo de Pão Francês

domingo, 29 de novembro de 2015

Velho

Outrora broto
Folha verde
Caule roto

Foices ignorantes
Enxadas intuitivas
Canivetes afiados
Brocas (alta e baixa rotação)

Chuva fina
Terra molhada
Raiz profunda

Ventos fortes
Terra seca
Casca grossa

Fogo
Cascalho
Sol
E poeira.

Intempérie!

Desde novo,
Provações.
Ainda assim,
Canções.

Rompeu
Cresceu
Permaneceu

E morreu...
Ou quase.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Meu velho pai - Leo Canhoto e Robertinho'
Degustando bagos de jaca mole

domingo, 9 de agosto de 2015

Aos pais

Bom dia aos amigos pais e aos pais de amigos. Pais de sangue, pais de criação, pais de consideração. Figura muitas vezes incompreendida, alvo de menos manifestações de afeto do que merece.

A ele, ao pai, Deus o constituiu a base do lar e imputou-lhe a responsabilidade de prover a família e de amar a esposa e filhos, dando a própria vida se preciso for.

A este ser, símbolo de força, com indescritível e quase imperceptível fragilidade, dedico-lhes não só minhas parcas e singelas palavras, mas o meu respeito, a minha admiração, a minha devoção.

Rogo a Deus, O Grande Arquiteto do Universo, e Pai de Amor e Bondade que lhes abençoes, lhes ilumine, lhes dêem sabedoria, discernimento, coragem, força.

São os votos sinceros de um filho que almeja - quiçá um dia! - ser pai.

Ismael Alexandrino (o Júnior, ao pai)

Ao som de 'Pai' - Fábio Júnior
Degustando Bolo de Milho

sexta-feira, 31 de julho de 2015

A importância da crise

Queixar nunca esteve tão na moda. Com o advento das redes sociais, tal prática acontece quase que na velocidade do pensamento: praticamente instantâneo. E com alcance global.

Mas do que se queixa? De tudo! Banalizaram o verbo antes usado apenas pelas pessoas mais conscientes e espirituosas. Alguns (queixosos!) dirão que o verbo "queixar" foi democratizado. Pois foi além, foi realmente banalizado. Apesar de que a face extrema da democracia é a banalização.

A necessidade de omitir uma opinião para que todos vejam tem se tornado patológica. E a queixa é a vertente mais comum desta patologia. O que me preocupa é que se trata de uma patologia para a qual a ciência não descobriu tratamento, muito menos há perspectiva de cura.

Para queixar, não se exigem currículos recheados e argumentos rebuscados. Até as queixas mais bestiais têm o seu lugar cativo: viram comédia. As bem elaboradas, consultoria.

E o que mais vejo os brasileiros se queixando é da crise provocada pela corrupção institucionalizada pelos políticos, e já habitual há muito na população.

No popular pensamento de que "tudo na vida existem dois lados, o bom e o ruim", certamente na crise há um lado muito bom. Você conseguiria enxergá-lo, refletir sobre ele, e agir positivamente sem se queixar da crise?

Pode ser surpreende...

Ismael Alexandrino

Ao som do vento frio no 17°andar
Degustando Água Mineral

domingo, 18 de janeiro de 2015

Como nasce um feriado num país de bandidos

Direitos humanos é para quem é humano. Não para os desumanos, escrotos, delinquentes, destruidores de famílias.

Marginal não tem nação, não tem civismo, não tem civilidade, não tem humanidade.  

E justificativas pseudopiedosas de que só Deus pode tirar a vida é balela para boi dormir. Se quem defende essa tese tivesse a filha aliciada, estuprada e morta, certamente pensaria duas vezes antes de adotar um discurso politicamente correto.

O "politicamente correto" - não raro! - me enoja. Pois na maioria das vezes é falso, travestido de uma piedade sacrossanta que nunca existiu, que tenta sustentar uma imagem de candura.

Bandido é bandido, sem distinção. Ter dó da família do bandido pelo sofrimento causado por ele é compaixão. Ter dó do bandido é falsidade. Compaixão e falsidade são inatos do ser humano. Ambos compreensíveis. O primeiro, admirável. O segundo, repugnante.

Mas a prova dos nove é fácil de ser tirada: você quereria viver com um deliquente sabidamente delinquente no seu dia-a-dia? Não precisa responder; apenas durma caladinho fingindo uma não falsidade velada.

17 de janeiro de 2015 ficará marcado como o dia em que um traficante nascido no Brasil foi executado (e não assassinado) na Indonésia. Um dia de pedidos de clemência por gente que não trata seus empregados sequer com dignidade, quanto mais com compaixão. 

17 de janeiro de 2015: o dia de exaltação da falsidade. Vou além: O Dia Nacional do Orgulho da Bandidagem.

Bandeira a meio-pau, três dias de luto, e mais um feriado nacional por Decreto Presidencial.

Ismael Alexandrino