Café Alexandrino - O lado aromático da vida

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sobre idéias

Curtas

"Idéias são como furúnculos: aparecem nas horas e lugares mais errados."

Sílvio Sebastião¹


Ao som de 'Bienal' - Zeca Baleiro
Degustando Fio Dental de Menta


¹Sílvio Sebastião é meu irmão mais velho, analista de sistemas, publicitário e consultor de marketing.

Sobre trabalhar de graça

Curtas

Quem dá água de graça é coco.

Cirilo Veloso Moraes¹

Ao som de 'Me and Mrs. Jones' - Michael Bublé
Degustando Pavê de Morango


¹Cirilo Veloso Moraes é advogado, consultor jurídico e dono do blog Simples Coisas da Vida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Abraçar faz bem à saúde

Crônica

Morei alguns anos longe da minha família. Maior parte deste tempo morei a dois mil e quinhentos quilômetros longe de todo mundo que amo. E, em certa época, cheguei a morar quase dez mil quilômetros. Como me doía o fato de querer um abraço sem ter que pedir e, simplesmente, não tê-lo.


Ultimamente tenho pensado no significado do abraço. Quando nascemos, tão logo nosso cordão umbilical é cortado, umas das primeiras coisas que nos acontece é sermos abraçados pelas nossas mães. Estou convicto de algo: abraço de mãe no recém-nascido vicia. É, vicia. Depois dele, passamos a vida toda querendo ser abraçado.

Fico imaginando aquelas pessoas muito carrancudas, de semblante fechado, hostil, que querem ser raivosas, se elas não se sentem bem quando são abraçadas. Principalmente aqueles homens que adoram posar de machões, que dizem que não gostam dessas coisas, que isso não é coisa de homem. Engraçado: sou homem físico e psicologicamente muito bem resolvido, e adoro um abraço. Pode ser rápido, apertado, de leve, carinhoso. De preferência aconchegante e demorado.

E, tudo isso, não precisa ser necessariamente da namorada. É claro que o abraço da amada tem um significado especial. Estranho se não fosse assim. Mas o fato é que gosto do calor humano, do contato com a pele, de sentir o outro coração. O abraço humaniza e, em mim, acalma por demais. Abraço de político e de bêbado confesso que não me agrada, mas aí já são situações específicas de desagrado.

Quem não gosta de quando está aflito, com vontade de chorar ou com medo, de um abraço aconchegante? Quem não se sente impulsionado a abraçar e pular com pessoas queridas quando recebe o resultado de uma aprovação no vestibular, num concurso, ou quando ganha algo que almejava bastante? A conquista a ser festejada é a medalha, mas o abraço é o Champagne para brindar a comemoração, o divertimento. Quando o Champagne é estourado nos pódios da vida, nada mais é que uma demonstração de alegria estourando também, e não há quem não queira ser abraçado e festejado naquele momento.

Minhas irmãs costumam dizer que eu sou “beijoqueiro”. Admito. Gosto de beijar. Gosto de ser beijado. Seja na boca, seja no rosto, seja um beijo jogado ao vento. Mas sou “abraçeiro” também. Hoje, no meu consultório, de onde escrevo esta crônica, atendi uma paciente especial. Ela tem um problema cognitivo; sempre que a vejo meu coração saltita de alegria. Amuriel adora abraçar. A mãe dela tenta contê-la, fica constrangida, mas não há uma consulta que Amuriel, na sua inocência e falta de maldade, não me dê um beijo no rosto e um abraço apertado. E o abraço dela é daqueles que pega pela cintura até o outro lado do corpo, e bem apertado.

Como foi gostoso receber aquele abraço com a sinceridade de uma criança, sem maldade, sem malícia, e cheio de amor.

Ela usa alguns remédios controlados sem os quais ela teria crises convulsivas. Então, mensalmente, ela precisa me ver para que eu possa reavaliá-la, e renovar sua receita. Mas o que ela não sabe é que a presença alegre dela no meu consultório, com seus dentes a maioria precisando de cuidados odontológicos, com seu jeito espalhafatoso, mexendo em tudo, perguntando tudo, e babando em meu rosto, é que ela com toda certeza faz muito mais bem a mim do que eu faço a ela.

Espero que você, querido leitor, não perca tempo de vida sem abraçar quem você ama, sem sorrir para quem você vê todos os dias e que, às vezes, só precisa disso: de um sorriso, e de um abraço. Posso te garantir que só te fará bem à saúde do corpo e da alma. Seu e do outro.

Torço para que nos encontremos sempre. Até lá, receba meu sincero e afetuoso abraço.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Como eu quero' - Leoni
Degustando Frapê de pêssego
Imagem: 'O abraço' - Bia Moraes

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Cinema mudo

Poesia

Fecho meus dois negros olhos,
Preparo a sala de visitas:
Bebida fria,
Pipoca morna,
Salinha quente.
Um filme em três dimensões!
Há lágrimas na tela
E elas pingam
Pinga a tristeza
Pinga o remorso
Pinga a excitação
E não deixa de pingar amor.
Amor latente, não vivido
Amor impossível, possível
E urgente.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Chega de saudade' - Vinícius de Moraes e Toquinho
Degustando Johnny Walker Black
Imagem: 'Una furtiva lágrima' - Sílvia de Luque

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pés na areia

Poesia

Já não somos ideais.
A bem da verdade,
Desisti do ideal.
Do certinho.
Do utópico.
Utopias me afligem.

Justamente por serem utopias.

Mas somos possíveis.
Cada vez mais possíveis
Neste mundo de incertezas
Mundo de possibilidades infinitas
Infinitamente melhores que o ideal.

Justamente por serem possíveis.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Metade' - Adriana Calcanhoto
Degustando Morango com Leite Condensado
Imagem: 'Pés na areia' - Interlúdio

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Moldura

Poesia

Uma cidade fortificada
Costumes provincianos
Liberdade conquistada.
Fascinante paradoxo,
Um castelo de sonhos
Surrealidade contemporânea.

Emergiste ou deliro?
Emergiste. Estou certo.
Deliro. Estou certíssimo.
Onde está – se porventura há –
O erro desta pintura?
Não há erro algum.

Óleo sobre tela
Cores misturando as pernas
Misturando os sentidos
Moldura sob medida:
És uma cidade fortificada
E frágil;
Preso estou em teu seio
E forte.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Esquadros' - Adriana Calcanhoto
Degustando Pêssego em Calda com Creme de Leite
Imagem: 'Castelo de Santa Maria da Feira' - Luís Bravo Pereira

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Sobre o comunismo

Curtas

Karl Max foi um embusteiro intelectual que distorcia fatos. É claro que seu sistema não funcionou quando aplicado à União Soviética: estava todo embasado em falsidades. Seu único legado foi conduzir um país rico como a Rússia à pobreza. Não há qualidades redentoras, nenhuma que seja, no marxismo. Aqueles que discordarem de mim que mostrem provas. Mostrem-me um regime que tenha empregado princípios marxistas e tenha melhorado a vida de seus cidadãos. Não há. Todos os que enveredaram por esse caminho na Europa, América Latina, Ásia ou África falharam. Também não faço nenhum distinção entre nazismo, comunismo e facismo. Foram todos movimentos totalitários e radicais pertencentes à esquerda. Marx, afinal de contas, derivou todas as suas teoris de Hegel, assim como os nazistas. Todos os sistemas totalitários do século XX foram de esquerda: apenas na superfície pareceram pertencer à direita.

Paul Johnson¹


Ao som de 'Minha casa' - Zeca Baleiro
Degustando Nuggets

¹Paul Johnson é ensaísta, escritor, jornalista e historiador inglês.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sobre a tristeza

Curtas

Às vezes a tristeza se liquefaz, salga a língua, e pinga no chão.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'É isso aí' - Ana Carolina e Seu Jorge
Degustando Poeira