Café Alexandrino - O lado aromático da vida

terça-feira, 30 de maio de 2006

O Jardim dO Poeta

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Poesia


Já te disse "O Poeta" que, se não fosse
A tua condição de anjo, ele se anularia como tal.
Refleti por muito tempo acerca desta condicional
Da qual dou fé e hoje posso compreender muito bem.
Inequivocamente, tu és o anjo do anjo do bem
Mesmo que tentem descrever-te, adjetivos não conseguirão.

De certo, te encontras na linguagem transcendental:
Envelo poético nos últimos versos dos versos de Salomão.

A imagem que me passas vai muito além de uma flor.
Lânguido, teu cálice feminino parece mui frágil;
Formoso e protegido és de fato, mas incapaz de espinhar alguém.
Acomoda em tua corola uma verdadeira coroa majestosa,
Zona apical em que reside, sem dúvida, seu brilho, seu maior encanto.
Encanta-se quem tem o privilégio de conviver em tua presença!
Mas, sinceramente, questiono se és simplesmente uma flor.
A não ser que eu esteja enganado, em ti reside todo um jardim:
Símbolo de beleza, fortaleza em harmonia, candura, felicidade, amizade e amor.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Song for Elizabeth' - Jonathan Butler
Degustando Café Expresso com Raspas de Chocolate
Imagem: 'Lavandas a Buis' - Daniel Girault

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Fui buscar o kit do amor

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Poesia


Princesa, passei na morada dos sentimentos;
Por alguns momentos, contemplei a sua beleza.
Lá conversei com meu coração
E ouvi uma canção que me emocionei.

Nela você cantava o amor que tem por mim;
Aquilo tocou muito profundo, minha princesa.
Quanto amor, quanto carinho, quanta delicadeza!
Confesso que fico bobo sendo amado assim.

Mas não há o que se importar com tal bobeira
Pois nosso amor não deve satisfações,
Não arde em ciúmes, não esbarra em contradições
Não é nada da boca para fora, não é brincadeira.

Um dia, meu amor lindo, vou te levar nesse lugar
Onde não existirá o tempo, mas apenas o momento.
Lá não existe ganância, angústia, inveja, desalento,
Lá reina a paz e é onde escolheremos para amar.

Nunca mais passearei por aquela morada sozinho
Levarei você, minha namorada, e lá faremos nosso ninho.
Amaremos noite e dia, amaremos segundo e hora
Amaremos sem porfia, amaremos de dentro para fora.

Mas minha passada por lá não foi em vão!
Trouxe muita coisa que está dentro do coração...
Trouxe para você um kit de ternura.
Nele só há contentamento, não há amargura.

Vem acompanhado com um beijo carinhoso
Bem delicado, molhado e gostoso,
Vem aquecido na temperatura ideal
Para não causar resfriado, nem queimadura de 3° grau.

Vem com uma mordidinha para ser dada na nuca
Vem com um sussurro para te deixar maluca,
Um sussurro eloqüente no silêncio mordaz,
Que te traz contagiantes arrepios e te satisfaz

Vem com um afago doce e um abraço justo...
Tão justo que pode fazer o coração levar um susto
Com medo de ser atropelado...
Mas que logo passa por se sentir amado.

Vem um carinho que te faz perder o juízo
Vem alguns gestos lindos, todos eles de bom siso
Vem com um afeto muito hábil
Que transforma qualquer erro em algo passageiro, lábil.

Vem um baú de respeito mútuo muito bom,
Vem palavras de afago ditas em alto e bom som,
Vem uma bolsa de respeito pelo próximo como abono,
Vem, inclusive, uma plaquinha escrita que você tem dono!

Vem tudo isso, minha princesa, e algo mais.
Mas quero te levar lá quando passar a dor
Pois quero que sinta todo o meu amor.
Far-lhe-ei tudo e, mesmo assim, nunca será demais.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Amar é' - Roupa Nova
Degustando Leite Gelado com Chocolate
Imagem: 'Sonhos de uma Viagem' - Lúcia Hinz

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Inversão apocalíptica de valores

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Crônica

Cada tempo tem o seu império; cada império tem suas loucuras; cada loucura, seus defensores! Foi assim no império grego; depois no império romano; hoje, no império capitalista (melhor chamá-lo assim)!

As sociedades se sucedem; novas formas de governo são experimentadas; novas teorias administrativas tentam balizar a ordem mundial, mas coxeamos em princípios básicos e fundamentais da ética e da moral, o que compromete nossa existência, enquanto ser humano, político por natureza.

Parece viver-se, nos dias hodiernos, inversão de alguns valores que nos remetem a questionar nossa própria condição intelectual! Tem-se a impressão de que estamos formando novos manuais de conduta, centrados na violência, desenhando-se uma escada sem corrimão, com declive de destino ignorado! -- Tudo em nome da ganância e do prazer momentâneo, em relacionamentos notadamente egoístas.

As civilizações criaram deuses que ocupam o lugar de Deus, como o poder, o sexo e o dinheiro.

Os padrões morais se confundem, em nome da liberdade de expressão do pós-modernismo (se é que há este momento na história!) com conseqüências preocupantes, do ponto de vista ético-conceitual!

Neste contexto, os pais, de tão ausentes e distantes dos filhos, perderam a autoridade dos lares; os filhos, por sua vez, jogados na selvageria das grandes cidades, perderam a noção de família! -- Contempla-se uma verdadeira multidão de filhos pródigos! Estes não vêem que os sonhos estão na poesia, e não nas drogas; não enxergam que fazer amor é diferente de fazer sexo; não percebem que liberdade é diferente de libertinagem! Assim, a célula-mãe da sociedade está doente, adoecendo -- conseqüentemente -- todo o organismo social!

O homossexualismo avança em escala geométrica, mundo afora, num viés que insiste em ser absorvido pelas constituições, de tanto respaldado pelas consciências ditas evoluídas!

O capital especulativo mundial, globalizado, eletrônico e volátil, dita as regras da economia sem fronteiras, patrocinando o ócio dos países ricos e prejudicando as nações em desenvolvimento, que são mantidas como verdadeiras colônias econômicas, pela prática abusiva de juros escandalosos, numa autêntica agiotagem internacional legalizada!

Fica o alento de que todos os impérios terrenos têm início, meio e fim! -- Restando-nos, portanto, lutar e torcer para que este atual, que mostra, já, alguns sinais de tombo, não vá muito além, o que poderá nos custar um apocalipse antecipado!

Avaniel Marinho

Ao som de 'Miss Sarajevo' - U2
Degustando Café Preto
Imagem: 'Cavaleiros do Apocalípse' - Bassan Medonça (Homenagem ao massacre da fome em Ruanda, África)