Café Alexandrino - O lado aromático da vida

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sobre ser Poeta

Curtas

Muitas pessoas não entendem o espírito do poeta. Ser poeta vai muito além de escrever poemas. O poeta é um ser que vive permanentemente em um estado alterado de espírito.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Feel' - Robbie Williams
Degustando Vinho Tinto Brunello di Montalcino

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sobre a fraqueza humana

Curtas

Fraqueza: tu não tinhas nenhuma, eu tinha uma. Eu amava.

Bertolt Brecht¹


Ao som de 'Eu sei que vou te amar' - Vinícius de Moraes
Degustando Wafer de Chocolate

¹Eugen Berthold Friedrich Brecht foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão, faleceu em 14 de Agosto de 1956.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Conselho de amigo

Curtas

Decida racionalmente e viva emocionalmente.

David Vieira¹


Ao som de 'É preciso saber viver' - Titãs
Degustando I2 Hidrotônico

¹David Vieira, mais que amigo, um irmão. Empresário e economista, é um bon vivant e dono do site DaVaranda.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sobre o seu tênis azul

Quando vi seu tênis azul escuro com bico branco, sorri. Lembrei da minha infância, meus amigos usavam uma marca chamada Bamba. Era a sensação da época, todos queriam ter um. Naquela época as preocupações eram amenas, do tipo se ganharia ou não um tênis novo no aniversário.


Hoje as preocupações são bem mais sérias. Mas prefiro me preocupar em observar o seu andar. Eu gostei do seu tênis azul escuro. É que o achei singelo. Sua cara: discreto, bonito, engraçado e tímido.


Ismael Alexandrino


Ao som de 'Léo e Bia' - Oswaldo Montenegro
Degustando Neston 3 Cereais da Nestlé

Alguns amigos

Escutei – não lembro onde, nem quando, e nem de quem – que amigo a gente não faz, mas sim os reconhece. Recentemente, reconheci mais um. Que bom que meu álbum tem crescido. Digo álbum porque amigos são como fotografias: para nos dar alegria, basta-nos vê-los, mesmo que rapidamente.

Rubem Alves, na sua sabedoria poética, diz que na companhia do amigo não se precisa conversar, a presença se basta. Há prazer no silêncio. Como me dou bem com o silêncio, amo meus amigos que às vezes me permitem a presença apenas, sem ter que, necessariamente, ficar conversando para preencher os hiatos de tempo e espaço.

Quando morei em Recife, reconheci bons amigos. Dois deles, no entanto, me fazem uma falta tremenda. Claro que os outros também fazem. Eu seria injusto se não reconhecesse a grandeza de suas amizades, dos seus afetos. Mas estes dois eram meus amigos no silêncio, nas imagens. Um deles pude ver no último final de semana. Mergulhamos juntos, com nossas respectivas companhias femininas. O outro, médico dedicado, ficou em São Paulo, o que agravou minha saudade.

Na Itália, principalmente em Bari, um dos meus bons amigos passava horas sem dar um "piu". E quando o fazia era prazeroso. Em Milão, nem tanto; meu colega de quarto tinha a necessidade de conversar. Difícil ser amigo de alguém que não se contenta com a presença, que precisa desesperadamente de falar o tempo todo.

Aos confrades, o apreço. Aos amigos, a estima. Aos irmãos, o carinho. Bons amigos são confrades, amigos e irmãos. Completos. Aos bons amigos, dedico meu apreço, estima e carinho.

Não sei bem porque comecei a escrever este texto. Talvez porque esteja sentindo realmente falta de alguns amigos que estão distantes. Sandro, David, Benhur, Diego, vocês fazem muita falta quando não estão por perto. Espero que estejam sempre bem, felizes, intensos nas suas aspirações cotidianas, do dia-a-dia. Pois neste dia reflexivo, saudoso, sou só saudade de cada um de vocês.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Intuição' - Oswaldo Montenegro
Degustando Ninho Soleil da Nestlé
Imagem: 'Olhando os Alpes Suíços' - Ismael Alexandrino



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A fotografia da letargia

Estou empoeirado. É como aquela laranjeira na beira da estrada de chão batido lá no sul do Pará. Os caminhões pesados, os carros possantes, as carroças pacienciosas, e os andarilhos: todos passam por mim, balançando meus galhos. Mesmo assim a poeira decanta em minha estrutura. Vai descendo por meus veios, cada sulco, cada proeminência, até aos giros.

Também há teias de aranha aqui e acolá. Nestas, por vezes, enrosca-se uma mariposa, uma libélula, ficando prisioneiras do meu estado, morrendo secas, empalhadas.

O verde, outrora brilhante, vivaz, passa despercebido. Uma árvore empoeirada não faz a mínima diferença. Constrange o cenário. Está ali. Apenas. De vez em quando balança com um vento mais forte, ou até mesmo uma batida de algum veículo. Mas não cai, não quebra, não morre. Melhor seria se morresse. Pararia de constranger o cenário e adubaria o solo. Solo árido, rachado. Não há gotas de chuva que possa irrigá-lo, nem lágrimas o umedece. Não há lágrimas. Bobagem pensar que uma laranjeira empoeirada derrame alguma lágrima. E os solidários transeuntes (imagino!) só choraram no dia em que nasceram. E olhe lá. Mais que desnutridos, são desidratados. Desnaturados. Sem vida.

Se olhos ainda os tivesse, talvez o espelho me desse alguma luz, mostrasse um caminho longínquo por detrás da silhueta. Mas a visão ficou embaçada, turva. Só há as imagens registradas noutros tempos. Sem novos registros, não há vida presente. O futuro, não diferente, está preso naqueles anos.

“Sou um presidiário cumprindo sentença”, — diria Vander Lee – grande amigo dos seus amigos –, numa de suas canções. Com a mesma – ou maior! – indiferença.

Quiçá um agricultor corte meus galhos, a seiva escorra, e cresça frondosamente. Talvez o Estado me derrube com uma de suas máquinas do progresso, asfaltando minha morada, petrificando o cenário.

E se nada disso acontecer, que o Deus milagroso me dê uma daquelas safras de dulcíssimos frutos para serem degustados pelas mocinhas que estão de dieta. Ou que, pelo menos, inspire um artista plástico a me pintar e me expor na próxima bienal. Mesmo que assim: empoeirado.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Sem Mandamentos' - Oswaldo Montenegro
Degustando Vinho Tinto Seco Duas Quintas
Imagem: '( D u s t )' - Diogo Gasparett'