Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Direções

Cento e oitenta graus de horizonte
Escurecido, iluminado, escurecido,
Timidamente iluminado.

No norte, a um palmo da superfície
Há uma nuvem rala, relâmpagos,
E uma tímida lua quase cheia
Beijando águas calmas.

A leste, um violão ressoa
Um pop dos últimos 10 anos,
E suponho que um brasileiro
Canta um inglês quase bem
Alternando com Norah Jones
Numa vitrola moderna.

No sul, mistérios guardados
Em cada quarto acesso,
E em cada traseunte
Que busca descanso
- do corpo, da alma, da vida.

A oeste, tudo que desejo:
Um coração petrificado (certamente!)
Que anseia por carinho (emoliente)
Um choro engasgado (descrente)
Que lacrimeja e respinga (quente)
Em cada lembrança (da gente).
Há também amor retido,
- talvez ferido (depois) -
Em cada ausência minha (de nós dois).
Há, sobretudo, um futuro latente,
Bonito, ansioso,
E presente.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Better Man' - Robbie Willians
Degustando Água com Gás