Café Alexandrino - O lado aromático da vida

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Amar vale mais que um kilo

Crônica


Já é véspera de Natal. Se finda mais um ano. Trabalhei, corri, brinquei, abracei, sorri, escrevi, poetizei, chorei. Amei. Amei muito e em todo instante. Amei meus pais, amei meus irmãos, avós, tios, sobrinhos, amigos, amor. Amei até quem eu não conhecia. Vivi. Intensamente. Vivi de amor.

O hipermercado perto da minha casa já foi decorado há alguns dias. No shopping center, oficialmente, foi declarado o início da temporada de Natal. Eu nem sabia que Natal era uma temporada. Quando criança, falaram-me que Natal era uma festa, num determinado dia, para celebrar o nascimento de Jesus, o Cristo. Sempre entendi como uma celebração de um momento marcado por uma grande demonstração de amor. Porque, afinal, ninguém demonstrou mais amor ao próximo que aquele Menino da Manjedoura. Na minha ingenuidade infantil, Natal não teria temporada. Mas o comércio diz que tem.

O interessante é ver as decorações verde, vermelha, dourada e branca. Tudo muito lindo – admito. Mas me causa alguma estranheza. Os presentes sugeridos, então, são os mais criativos possíveis. Na ocasião que Jesus nasceu, conta-se que reis magos o presentearam com ouro, incenso e mirra. Daí as cores da decoração: a dourada do ouro; a vermelha e a verde da mirra – espinhosa árvore de folhas caducas verdinhas e de flores vermelhas; e a branca da fumacinha do incenso. Ou da aura de paz da ocasião, ou até mesmo da estrela que guiou os reis magos até aquele local. Sei lá.

Penso que o principal naquele nascimento não eram os presentes. E sim o recém-nascido. E o recém-nascido viera para mostrar e dar amor ao mundo.

Mas hoje as coisas não são dadas. São vendidas. E o amor está em falta no comércio, ele não está em promoção nas prateleiras do shopping. É. O amor não está à venda. Talvez por isso esteja tão escasso na sociedade. As pessoas já não podem mais ser reconhecidas por aquilo que são. As pessoas só podem ser reconhecidas pelo que têm, pelo que conseguem comprar. Como o amor não está à venda no comércio, não existe amor na praça. O estoque foi para o espaço, já era. O amor está em extinção.

Aí vejo algumas pessoas nessa época querendo manifestar algum amor na família ou entre os amigos. Ficam emotivas, sorridentes, buscam reconciliação, marcam confraternizações nas empresas, em casa, nas famílias, nas associações de bairro e até nas igrejas. Gente que em todos os outros instantes do ano são rancorosas, sem compaixão, vivem distantes do amor. Aliás, sobrevivem.

Tudo bem, se o amor está em extinção, é preciso economizá-lo ao máximo durante o ano para sobrar pelo menos um pouquinho para ser demonstrado no Natal. Vi falar que tem um empresário com visão humano-capitalista que abrirá uma loja para vender amor aqui perto de casa. Não sei ainda se será vendido em litros, dúzia ou quilograma.

Sugiro, no entanto, que façamos como nos reflorestamentos ambientais. Em vez de economizarmos o amor durante onze meses e vinte e poucos dias com medo de acabar, podemos plantá-lo em cada dia do ano durante o ano todo. Amar sempre e muito pode dar certo.

Chega de economizar amor somente para o Natal. Que nesta época possamos sim demonstrá-lo e vivê-lo em família e entre amigos. Mas ousemos expandi-lo além do tempo, contagiar quem nos rodeia a começar de agora. Vivamos com amor intensamente, sem reservas. Ah!, ... ia me esquecendo: já é véspera de Natal.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Imagine' - John Lennon
Degustando Sorvete de Canela e Café
Imagem:'Presépio Paço Alfândega' - Ismael Alexandrino

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O tempo se renova

Curtas

Somente onde há sepulturas há também ressurreições.

Friedrich Nietzsche



Ao som de 'Como nossos pais' - Pedro Mariano
Degustando Suco de Maracujá

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A essência do que é precioso

Curtas

Não existe pedra semipreciosa, assim como não existe mulher semigrávida. Uma pedra é preciosa ou não é.

Hans Stern¹


Ao som de 'Feel' - Robbie Willians
Degustando Frapuccino


Hans Stern¹ é presidente da rede de lojas de jóias H. Stern.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Fábio Lisandro, um bom amigo soprando velas

Curtas

Fábio Lisandro é um colega da medicina e das letras. Um provocador, pensador nato. Sobretudo, humano. Gente da qual nosso mundo carece de tê-los em quantidade. E me sinto lisonjeado em desfrutar da sincera amizade dele.

Fábio acabou de me ligar me convidando para o seu aniversário hoje à noite. Apesar de eu estar extremamente ocupado nos últimos dias, ele é o tipo de amigo que não se pode deixar de prestigiar.

Parabéns, nobre amigo! Que Deus te ilumine, te dê muita saúde, paz interior, alegria plena. Até mais tarde, quando passarei, pelo menos, para te abraçar.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'We are the champions' - Queen
Degustando Café com Pão de Queijo

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O orgulho nosso de cada dia

Crônica


Dia desses, conversando com uma amiga muito querida, comentávamos sobre algumas atitudes de casais de namorados. Camila é uma pessoa fantástica! Educada, gentil, sonhadora, amorosa e, sobretudo, humana. Mas não se animem os possíveis leitores interessados na bela. Cacá está noiva, prestes a casar com um rapaz pelo qual é apaixonada. E admito: formam um belo casal.

É interessante como são alguns relacionamentos afetivos. Sentindo-se sozinhas, as pessoas buscam seus pares. Quando os encontram, querem agir como se continuassem sós. Esbarram no egoísmo; repousam no orgulho. Fazem das suas relações legítimos jogos de tênis. É, jogos de tênis.

Lembro-me do sábio Rubem Alves fazendo analogia dos tipos de casamento. Segundo ele, há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os do tipo frescobol têm grande chance de ter vida longa. Os outros, não. Mas o engraçado é que em ambos os jogos há dois participantes, duas raquetes e uma bolinha. Só que os participantes têm intenções e comportamentos diferentes.
No frescobol, ninguém quer que a bola caia; se ela vem meio torta, sabe-se que foi sem intenção, e apressa-se em ajeitá-la na medida certa para o parceiro. Pois se um errar, os dois perdem. Se um ganhar, os dois são derrotados. Então é melhor ajudar o outro.

Já no jogo de tênis, a intenção é fazer com que o outro erre; o outro vira um adversário a ser batido, vencido. Um sempre sai do jogo perdendo. A alegria do vencedor é a desgraça do derrotado. Está em jogo a capacidade de que se tem de humilhar, de vencer. É um jogo de vaidades no qual se disputa um troféu de orgulho.

Percebo muita semelhança de tais jogos com a forma com que os casais se relacionam. Alguns procuram sempre dar suporte ao seu companheiro, arredondar a bola para que tudo corra bem. Bola para lá, bola para cá...conversa pra lá, conversa para cá. E se às vezes a conversa sai um pouco torta, atravessada, sabe-se que esta não foi a intenção primária, e então se procura logo consertá-la, busca-se a reconciliação. Outros, no entanto, carregam no currículo muita vaidade, e esta o motiva a sempre vencer. Busca-se sempre ter razão, arrasar o adversário. As conversas são atravessadas de propósito, dissimuladas, ensaiadas de forma maquiavélica. Tem-se o gozo de ver o outro em maus lençóis; anseia-se vencer o jogo, colocar a mão na taça, bater no peito e gritar: “Eu venci!”. E aí a coleção de troféus e medalhas folheadas a “ourogulho” cresce cada vez mais.

Penso que se as pessoas refletissem mais nas verdadeiras intenções que as levam a se relacionarem com alguém, inúmeros conflitos poderiam ser evitados. Chateações, mágoas, rancores, toda sorte de sentimentos que desconstroem uma relação poderiam ser amenizados. Mas isso é querer demais num mundo tão disputado e competitivo, em que cada um busca o seu espaço, diriam alguns. Se tiver uma boa química, se o sexo for gostoso, já está bom demais.

Discordo. É fato que a cotidianidade impulsiona a ser competitivo no mercado, a sair de casa cedo, batalhar, trabalhar o dia todo, a se dar bem, promover-se. Mas, sinceramente, relações afetivas não obedecem às regras vorazes do mercado. Ou, pelo menos, não deveriam obedecer. É inegável que os prazeres da carne aceleram os corações apaixonados. Mas relacionar-se com alguém implica em algumas renúncias, em doação de tempo, atenção, companheirismo. Implica até mesmo em ouvir conversas banais no final do dia. Paquera, namoro, casamento, nada disso deve ser baseado somente nos prazeres da cama. Pois estes acabam pela manhã, muito cedo, assim que o sol nasce.

Camila está ansiosa com o seu casamento que está prestes a acontecer. Até já fui convidado. Não tenho bola de cristal – nem pretendo! –, mas imagino que o casamento dela tem tudo para ser agradável e duradouro. Eles já estão há algum tempo jogando frescobol, sonhando juntos, se ajudando. Ah!, e Camila, se reconhecendo orgulhosa, tem se exercitado em controlar o seu inconveniente orgulho.

E você, caro leitor, como anda seu estoque de orgulho?

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Humble Me' - Norah Jones
Degustando Café Preto
Imagem: 'Arara' - Paulo Sousa


sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Poetas são gente

Crônica


Eu vivo pra poesia mas poetas não vivem pra mim. Espero que eles me alimentem como a um coelho faminto. Eles não sabem disso. É melhor mesmo que não percebam o quanto são necessários.

De outro modo seríamos ultrapassados por eles e eles não saberiam quando parar. Um excesso de poetas não seria uma boa idéia pro nosso mundo. Nosso mundo necessita apenas de um certo número. Embora isso ainda não tenha sido atingido é importante que a poesia seja controlada.

Eu sei. Tenho observado poetas vagabundeando por aí, esperando o momento de atacar. É pior do que haker atacando. Uma visão horrível. A pessoa atacada correrá pela rua gritando. Pode até amaldiçoar o sistema, e fugir de casa levando sua filha com ele.

Poemas têm um jeito de infeccionar os pobres idiotas que os escrevem. Poetas ficam em silêncio durante conversações, esperando uma brecha. Subitamente, sem aviso, um poeta falará uma sentença que acabou de pensar, e aqueles em volta gritarão como que atingidos por um curto-circuito.

Você gostaria que isso acontecesse freqüentemente? Levaria meses pra se voltar a qualquer aparência de normalidade. Isso pode ser uma boa de vez em quando, como mudança. Mas pára um momento e procura imaginar o pessoal do governo de Sua Majestade todos os dias fazer suas transmissões, como faz, mas cada uma ser um poderoso poeta.

A confusão seria indescritível. A nação ia parar nos trilhos e colher flores pros vizinhos. Carros iriam se abalroar no tráfego pros motoristas saltarem e apertarem as mãos. Greves seriam desnecessárias pois ninguém trabalharia. A vida seria boa demais pra se perder. Cada dia seria vivido sem plano e cada momento saboreado como vinho novo. Cada pôr-do-sol seria uma revelação e uma promessa pra amanhã.

Todo mundo faria amor. Mesmo os doentes. Melhor seria os poetas não usarem palavras. Melhor que nascessem mudos. Melhor que cortasssem as línguas, se falassem. E melhor ainda, se pensassem, ficassem em silêncio. Deus nos proteja de suas invocações ferozes, pelo menos até termos tempo de praticar exercícios de poetas mortos, pra estarmos em forma a fim de tentar hoje outra vez.

Poetas não percebem. Enquanto vivem são eras daninhas. Quando morrem são fertilizantes.

Millôr Fernandes


Ao som de 'Samba para Vinícius' - Chico Buarque e Toquinho
Degustando Johnnie Walker Black Label
Imagem: 'Sr. Raimundo' - Cláudio Márcio Lopes

Sobre os espetáculos na vida humana

Curtas


O maior espetáculo do mundo, diz certo filósofo, é um homem esforçado lutando contra a adversidade; há, porém, outro ainda mais grandioso, é o ver-se outro homem lançar se em sua ajuda.

Oliver Goldsmith



Ao som de 'A saudade é uma estrada longa' - Almir Sater e Renato Teixeira
Degustando Bolachas de Nata

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Para uma Moça com uma Flor

Poesia





De tantas, única.
De lembranças, poucas;
De esperanças, tantas!
E os sonhos, então?
Devaneios insanos, diriam.

Mas, e daí?
Pouco importa
Impressões parcas,
Percepções remotas,
O balbuciar de um coração desapontado.
Mas coração de poeta
– Menina que passa –
É brincalhão:
Desapontamento
Vira gracejo
Subterfúgio
Desassossego maior
Motivo
Paixão.

Os olhos,
As argolas,
O sorriso doce,
O balanço do cabelo,
O desfilar sutil dos quadris
Sobre duas esbeltas colunas,
“A coisa mais linda que já vi passar...”

Ah!, Marias ...
São tantas! – bem sei.
Gordas
Magras
Ruivas
Pardas
Negras
Amarelas
Santas
Demoníacas
E até angelicais.

Bendita sóis vós entre as mulheres,
Maria,
Maria bela,
Marieta,
Mariinha,
Maria...
Etérea, digna de ser amada.
Carnal, para sempre desejada.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Eu sei que vou te amar' - Vinícius de Moraes
Degustando Purê de Batata
Imagem: 'A mão que balança a rosa' - Marcelo F. Silva

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Dar o peixe também é preciso

Crônica

Quando me mudei para Recife, uma das coisas que mais me impressionou foi a quantidade de pedintes nos semáforos. Adolescentes, jovens, senhores, deficientes físicos, velhinhos, crianças – algumas tão miúdas que mal alcançavam na janela dos carros. Pessoas diversas pedindo vinte centavos, dez centavos, cinco centavos. Pessoas vivendo em condições marginais, na miséria. Pessoas, no entanto. Humanos. Subumanos.

E eu, na minha pretensa posse de conhecimento sociológico e antropológico, sempre com um pensamento fixo: “não se deve dar moedas, é preciso dar trabalho; não se deve dar o peixe, é preciso ensinar a pescar.” Quem nunca ouviu esta frase, esse pensamento verbalizado? Cansei de ouvi-lo, e várias vezes praticá-lo. Mas aquilo me incomodava.

Certa feita, papai estava no banco do passageiro e eu dirigindo o carro. Ele estava me visitando em Recife. Por três semáforos seguidos que parei o carro ele abaixou o vidro e deu um trocado para quem pedia.

— Pai, se o senhor for dar um trocado para todo mundo que pede no semáforo aqui, o senhor não terá dinheiro para o próprio sustento. Se o senhor sempre der, eles sempre vão pedir.

— Mas eles estão com fome, meu filho. – respondeu-me calmamente.

— Mas se o senhor agir assim dando o peixe, pai, eles nunca vão aprender a pescar. – eu insisti.

— Se você pensar na lógica, filho, você tem razão. Mas esses meninos, esses pedintes, estão com fome. E essa lógica é cheia de razão, mas não enche a barriga deles.

Aquele fala do meu pai foi como uma flecha no meu coração. Na verdade, eu concordava com o que ele dizia, e me sentia incomodado até, mas teimava em não dar o peixe.

Papai mansamente continuou:

— O Maior Homem que pisou na Terra, se estivesse no meu lugar, daria. Jesus muitas vezes, não só deu pão e peixe a quem tinha fome, mas os multiplicou milagrosamente e alimentou multidões.

Outra flechada. Papai tinha toda razão, mesmo sem entender de sociologia, antropologia, ou alguma ciência dita humana.

Lembrei-me de Madre Tereza que sabiamente disse: “Às vezes não adianta ensinar a pescar, pois a pessoa pode estar com tanta fome e tão fraca que não conseguirá segurar a vara de pescar.”

Depois disso, tapei os ouvidos para os magistrados que dizem que é errado dar comida ou dinheiro para quem pede na rua.

Sinceramente, não quero mais saber se é errado ou se é certo. A minha lógica se rebelou, não quer mais ter lógica. E eu não quero mais ver um ser humano igual a mim morrendo de fome aos meus pés. Desisti de ser maior pecador.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Pra cima Brasil' - João Alexandre
Degustando Pão

terça-feira, 20 de novembro de 2007

The Secret é um lixo

Artigo



"Saudações meus amigos! Você quer ser tão feliz quanto eu? Você tem o poder dentro de você agora mesmo para conseguir isso, use-o! Envie R$ 1,00 para o "Programa Eu sou feliz", Evergreen Terrace, Springfield. Não se atrase; a felicidade eterna está apenas hum real de você.", Homer Simpson.


O grande segredo é que você nasceu com super poderes para conseguir o que quiser. Basta querer. Basta acreditar. Basta mentalizar. Você pode tudo. "We are the champion, my friend". Você pode tirar nota 10 em todas as matérias da escola, basta pensar nisso. Você pode conquistar todas as garotas do pedaço, das loiras até as orientais, basta se concentrar nelas. Você pode atrair todos os clientes que desejar, basta focar o seu pensamento nos caras.

The Secret, o livro, o dvd, o cd, a palestra, a camiseta e todas as drogas derivadas dessa porcaria é uma das piores baboseiras que surgiram no pedaço nos últimos tempos. Lixo da pior espécie. Circo e pão para as massas! Saída fácil para os preguiçosos!

Você quer saber o The Secret para emagrecer? Pare de comer pão antes de dormir. Se você quer ganhar uma bicicleta, economize a sua mesada. Se você quer um emprego melhor, pare de reclamar da vida, e trabalhe dobrado hoje.

The Secret é uma ofensa em vários aspectos.

1º. Você é culpado pelas coisas ruins que acontecem com você. Insulto a todos os doentes e injustiçados do planeta! Será que os seis milhões de judeus assassinados durante a segunda grande guerra atraíram a maluquice do hitler porque tinham pensamentos negativos? Será que as crianças que morrem na África todos os dias sofrem de mau humor? Será que os cidadãos vítimas de bala perdida pensavam em morte quando foram alvejados? Será que os portadores de HIV pensavam em doenças quando foram vitimados?

2º. O negócio é ser rico. Afinal, The Secret é sobre o quê? Melhorar o mundo? Compaixão? Inovação? Cidadania? The Secret é sobre ficar rico. E para isso, segundo The Secret, você tem que ter coisas. Que coisas? Um carro novo, uma casa nova, uma roupa nova, um computador novo, um corpo novo etc etc etc. Lixo, lixo, lixo! O segredo é justamente aprender que você já tem o suficiente. Felicidade é sobre usar a adversidade da tua vida para criar algo fantástico para você e outras pessoas. A história de Rodolfo Nagai, e sua Assai Atacadista é um exemplo disso. Comprada recentemente pelo grupo Pão de Açúcar por 208 milhões de reais, a Assai cresceu atendendo os dogueiros, pasteleiros e pequenas pizzarias, um público abandonado pelos grandes atacadistas. "Os pequenos comerciantes não tinham tempo de comprar, e eu resolvi ajudá-los", diz Nagai. "Quando me dei conta, estava atendendo dezenas de pequenos comerciantes." Pare de sofrer ao tentar ser o que você não é. O segredo é encontrar significado na tua vidinha atual, e não desejar ser algo que você não é ou não pode ser agora.

3º. Você pode ser tudo, basta acreditar. Não, você não pode!!! Bobeira! Se você é bom em história deve ser terrível em matemática e vice-versa. Se você é bom em finanças, deve ser terrível em marketing e vice-versa.

Você não é bom em tudo e nem deve ser. Se você colocar dez pessoas em uma sala de aula para aprender uma matéria nova seja ela qual for, no final do dia duas pessoas serão crânios no assunto, cinco serão medianas, três serão terríveis, mesmo recebendo o mesmo treinamento na mesma hora do mesmo professor.

Se acreditar fosse o suficiente para ser excelente em alguma coisa, 70% das pequenas empresas não quebrariam antes de completar cinco anos de idade. Ou você acha que os empresários que quebraram não têm suficiente pensamento positivo? Para ser dono do seu próprio negócio é preciso praticar alguns princípios, e não apenas acreditar neles. 9 em cada 10 brasileiros querem ser donos do seu próprio negócio. Infelizmente, ser dono do seu próprio negócio não é uma profissão para qualquer um. Algumas pessoas simplesmente não têm condição para serem empresários, e isso não quer dizer que alguém seja melhor do que alguém por causa disso.

Como empresário você precisa trabalhar três vezes mais do que um funcionário tradicional. Esqueça as horas extras com a família. Esqueça os finais de semana e pontos facultativos por pelo menos 5 anos. Às vezes será preciso limpar a própria privada, entregar a própria venda, e consertar o próprio computador. Você está pronto para isso? A sua família te dá o suporte para seguir em frente?

Ser dono do seu próprio negócio significa ter autodisciplina e confiança ao extremo.

Você é do tipo de acorda todos os dias pronto para DESTRUIR DE VIVER ou você é do tipo que "simplesmente" não tá a fim de encarar as pessoas hoje? Você consegue aprender inglês sozinho ou precisa pagar um cursinho para te ensinarem o que aprender? Você consegue perder peso sozinho em corridas solitárias no parque próximo a sua casa ou precisa pagar um personal em alguma academia para te motivar? Você gosta de vender os produtos e serviços que produz, ou precisa de alguém que converse com os clientes para você?

Ser dono do seu próprio negócio requer que você seja vendedor de carteirinha. Se você não se sente confortável em ser vendedor, você terá grandes dificuldades em tocar um negócio.

Se você tem dificuldades para se motivar, e precisa do The Secret para levantar a tua bola, o teu fim é fazer parte das estatísticas do Sebrae.

The Secret é uma ofensa. Vender tamanha baboseira deveria ser um crime inafiançável. Veja como termina o livro: "Os pássaros cantam para você, as estrelas brilham para você, o sol brilha para você, todas as coisas belas estão aí para você, nada poderia existir sem você. Não importa quem você pensava que era, agora você sabe quem você realmente é. Você é o senhor do universo. Você é a perfeição da vida. E agora você conhece o segredo."

Senhor do Universo? Ah ah ah ah!!! "Pelos poderes de Greyskull!".

The Secret é bom em apenas uma coisa: marketing. Mas mesmo nesse campo eles perdem para outros marketeiros que já revelaram o segredo. Eu acredito que você conhece o slogan deles: "Just do it!".

QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?


Ricardo Jordão Magalhães¹, Lixeiro do The Secret


Ao som de 'Vamos dançar' - Ed Motta
Degustando Degustando Vinho Tinto Seco, o Chileno Viña Carmen
Imagem: 'O segredo está no vinho' - Ismael Alexandrino

Ricardo Jordão Magalhães¹ é consultor de marketing e palestrante, criador e gestor do site BizRevolution, de onde retirei este artigo.

sábado, 17 de novembro de 2007

Sobre como se deve viver

Curtas



Viva de tal maneira que não tenha vergonha de vender seu papagaio falador para a fofoqueira da cidade.

Will Rogers¹


Ao som de 'É preciso saber viver' - Titãs
Degustando Leite Achocolatado Gelado


Will Rogers¹ foi um humorista norte-americano, faleceu em 15 de agosto de 1935.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Tempus Lucidus

Poesia


Quando não resta dúvida,
A interrogação
Exclama-se!
E ponto final.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Procuro um amor' - Frejat
Degustando Suco de Maracujá

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O encanto de Severina

Crônica

Ainda era cedo, e havia pouco tempo que eu estava na mesa de reuniões. Mais quatro pessoas a rodeavam esperando o início das atividades. Observava apenas, sem alimentar expectativas. Nem boas, nem más.

De súbito, entra aquele vestido vermelho-maçã. O cabelo oleoso, mas cuidadosamente prendido, e o batom de cor forte combinando com o vestido, revelavam alguma ocasião especial. As orelhas de abano não faziam idéia do que se sussurrava naquele ambiente; os olhos ressaltados não indicavam excesso de atenção. Mas os dois dentes esbanjavam contentamento, sorriam alegremente, um de cada lado da boca. Únicos.

“Me falaram que hoje é o meu aniversário, doutora! Tem como a senhora ver na minha ficha quantos anos estou fazendo?”. Olhei para a doutora também, e, sem hesitar, prontamente respondi, dirigindo-me a quem fizera a pergunta: “Acho que é 25, Severina! Você está muito elegante hoje, sabia?!”. Os dois dentes dela ficaram tão alegres que se distanciaram ainda mais um do outro.

Poucos minutos depois, após a doutora olhar num livro-arquivo, a revelação. “Sim, Severina, realmente hoje é o seu aniversário! Parabéns para você!”. O vestido vermelho-maçã ficara curto com o pulo que a aniversariante deu, ela estava a ponto de explodir de felicidade. Quantos anos, afinal, ela havia completado? O suspense pairava no ar, pude ouvir, num rápido silêncio, aquele coração gritar de alegria. Pulsava tão forte que se confundia com os pulos do vestido rubro.

“Acho que minha filha tem 18 anos! Será que ela tem quantos, doutora? Faz tanto tempo que não a vejo...” – percebi uma rápida nostalgia que logo se desfez. Era muita euforia para ser contida por um flash de lembrança. A doutora fechou o livro, estava pronta para fazer a grande revelação. Nós nos olhávamos – a doutora, Severina, as outras três pessoas e eu – como se esperássemos o resultado de um concurso da loteria, um grande prêmio. E era um grande prêmio realmente. Para Severina, era o maior prêmio que poderia existir naquele momento. Saber sua idade, situar-se no tempo, fazer parte da história cronológica do mundo.

Por um breve instante temi que os dois dentes de Severina pulassem da sua boca. Todo seu corpo tremia. Ela estava completamente extasiada. Teria um aniversário, saberia sua idade, e teria cinco pessoas para comemorar este momento com ela. Algo inimaginável, quase um sonho. E a euforia contagiou a todos os presentes naquela sala. Já estávamos todos de pé para cumprimentá-la, só esperávamos saber quantas velinhas deveriam ser sopradas, quantos pedidos a serem feitos.

Os olhos de nós todos brilhavam; os de Severina já escorriam algumas gotinhas de cristais que rolavam contentes pelo rosto. Ela parecia ter mais de trinta e quatro, mas mesmo assim se achou nova quando soube, e que teria muitos anos pela frente ainda. E a partir dali disse que contaria todos os seus anos, todos os seus aniversários.

Nunca vi tanta alegria num sorriso com tão poucos motivos. Nunca vi tanto encanto em uma vida tão severina.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'TV, Rádio e Jornal' - Elisa Queiroga
Degustando Café com Suco de Laranja e Gelo

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Pare de administrar pobreza

Artigo


No final do ano passado, fui contatado por um leitor que procurava ansiosamente a ajuda de um especialista para tirá-lo do que ele chamava de uma “sinuca” financeira. Segundo ele, a esposa havia perdido há alguns meses um emprego de secretária que garantia uma renda de R$ 800 mensais, um bom reforço ao salário de R$ 1.200 que ele ganhava mensalmente. Mas, às vésperas do Natal, as chances de recolocação em cargos administrativos eram reduzidíssimas, os gastos típicos de final de ano eram inevitáveis e, para piorar, meu leitor não contava com um décimo-terceiro salário, pelo fato de ser autônomo.

Esta família, que há alguns meses estava acostumada a viver com R$ 2.000 de renda total, se via então à beira de um abismo: parecia inevitável ter que recorrer a empréstimos volumosos! Suas dúvidas eram: como proceder para cortar gastos que pareciam inevitáveis – como condomínio, escola, supermercado – e qual seria minha sugestão quanto às alternativas disponíveis de empréstimos? Na prática, a dúvida não era sobre como evitar ou eliminar o problema, mas sim sobre como conviver com ele da melhor forma.

Obviamente, eu poderia alertá-lo sobre o grande erro que seria recorrer às financeiras, ao pagamento parcial do cartão de crédito ou ao cheque especial. Poderia orientá-lo sobre as alternativas mais baratas de empréstimo pessoal, fornecer dicas de economia doméstica, de corte de custos do lar, de compras mais inteligentes e outras estratégias bastante úteis àqueles que querem sair do vermelho.

Mas, se seguissem as orientações, a vida do casal não mudaria para melhor. Na melhor das hipóteses, dividiriam o problema deste Natal ao longo de vários meses, aumentando os gastos mensais da família com um parcelamento de dívidas antes inexistente. Quando a situação da família melhorasse (com um novo emprego, talvez), boa parte da nova renda seria consumida em contas não pagas ou juros acumulados nos meses anteriores. Mas haveria um caminho melhor? Seria possível melhorar a situação ao invés de torná-la “menos pior”?

A resposta a estas perguntas é positiva! Este caso tinha uma particularidade interessante que mudava toda a história. Uma simples pergunta minha a respeito dos objetivos de sua esposa mudou o caminho da orientação. Perguntei o que ela estava fazendo, e obtive como resposta: “Procurando emprego, mas está difícil nesta época”. Esta resposta surpreendeu-me bastante. Em épocas natalinas, quantas oportunidades de trabalho surgem? Não é esta a época em que os trabalhadores recebem seu décimo-terceiro e têm mais recursos para gastar? Não é esta a época em que as pessoas estão mais apressadas e com compromissos acumulados? Quantas oportunidades existirão?

Será que uma pessoa sem emprego não conseguiria reforçar sua renda, por exemplo, cozinhando para aqueles que não teriam tempo de preparar a ceia? Realizando compras para aqueles que teriam compromissos até a véspera do Natal? Embrulhando presentes, criando cestas de Natal diferenciadas, criando decorações de mesa, ajudando a organizar a vida de alguém? Comprando e revendendo produtos com grande demanda?

Qual será o medo que impede as pessoas de empreenderem? Se for algum tipo de medo de rebaixamento social ou desvalorização de sua experiência, temo reconhecer que aqueles que pensam desta forma estão voluntariamente fechando as portas para grandes oportunidades. De pequenos serviços de leva-e-traz surgem grandes empresas de logística! De modestas confeiteiras surgem concorridos restaurantes e lanchonetes! De humildes costureiras surgem cooperativas e oficinas de confecção que fornecem à grande indústria da moda!

Quando morei alguns meses no Exterior, surpreendi-me com um casal de vizinhos que aparentemente não trabalhavam, pois eu os encontrava a qualquer hora do dia em casa. Após tornar-me um pouco mais íntimo deles, fiquei sabendo que eles trabalhavam apenas quatro meses por ano, vendendo churros durante os meses quentes do verão. Trabalhavam tanto naqueles poucos meses que eram capazes de fazer uma poupança que, administrada com disciplina, os mantinha durante o ano. E, durante os demais meses, contribuíam voluntariamente com crônicas para o jornal do bairro. Ou seja, eram considerados intelectuais naquela comunidade, sem o menor preconceito quanto à qualificação (ou falta de) de seu trabalho de verão.

Muitas vezes, a preocupação e a perda de nosso tempo com a administração de pequenos gastos ou com a procura de soluções paliativas cegam nossos olhos e impedem que percebamos as oportunidades que passam por nossas vidas diariamente. Por que não pegar um empréstimo para pagar mercadorias que serão vendidas com lucro, ao invés de usá-lo simplesmente para cobrir a falta de caixa e presentear o sistema financeiro com lucros maiores ainda? Há muita energia humana sendo gasta para tapear os problemas, enquanto poderia estar sendo usada para criar soluções. A oportunidade de empreender, muitas vezes, está dentro de nós mesmos, basta agir.

Gustavo Cerbasi¹


Ao som de 'Paris, Texas' - Gotan Project
Degustando Café com Licor de Amarula
Imagem: 'Man opening wallet full of American currency' - Siri Berting



¹Gustavo Cerbasi é consultor financeiro, professor dos MBAs da Fundação Instituto de Administração e autor dos livros "Filhos inteligentes enriquecem sozinhos", "Casais inteligentes enriquecem juntos" e "Dinheiro – Os segredos de quem tem".

sábado, 10 de novembro de 2007

Crime prostitucional

Miniconto

Os carros passam vagarosamente. Elas empinam ainda mais o bumbum. Rebolam, literalmente. As mini-mini-saias sobem. É madrugada. O semáforo abre. Um carro continua parado na esquina. A loira olha; se aproxima dele, projetando-se na janela. Os seios por pouco não se mostram. De longe, muito longe, observo. O sinal fecha. Vermelho. A morena, provocante, se aproxima. As duas em posturas sedutoras na janela do importado. Verde. Amarelo. Um trio indeciso. Elas, assustadas, se afastam. Dois tiros. Elas caem. O carro, vagarosamente, se distancia. O semáforo se fecha. Luzes vermelhas. Sirenes. Tarde demais.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Baby Jane' - Rod Stewart
Degustando Jack Daniel's
Imagem:'Noites patagônicas' - Sérgio Patagônia

domingo, 4 de novembro de 2007

Sobre a Guerra

Curtas

Quanto mais me incitam à guerra e ao consumo de vida humana, maior impotência tentam me incultar. Refugo, no entanto, Senhores. Debato, esperneio, rasgo-me se preciso for, mas não levantarei minha mão se não for para levantar alguém ou para acariciar um rosto que chora.

Soldados!, Guerrilheiros!, Presidentes!, Ditadores!, Líderes!, farei amor no meio da guerra, já que querem a guerra, e não o amor.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Sunday Bloody Sunday' - U2
Degustando Flores Comestíveis

sábado, 3 de novembro de 2007

Sobre a distância

Curtas

Longe é um lugar que não existe dentro de mim.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'O sol' - Jota Quest
Degustando Sprite Estupidamente Gelado

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Tempos Idos

Poesia


Desenfreado desencronto
Encontrava-nos cada vez mais
E nos encontrando todo dia
No café
No almoço
À noitinha
E na madrugada
Distanciávamos.

Juntos, infinitamente distantes,
Morríamos de saudade um do outro
O outro e um de anos atrás
Na praça
Na igreja
À sós
E na casa
Amávamos.

Um esquadro, uma tela,

Empalhada em cores-pastéis
Nosso canto, nossa história
Do mesmo jeito de anos passados
Repousa, adormecido, nosso amor.

Procuro pela indiferença, não a encontro.
Só enxergo a vaidade, o orgulho, o rancor
E muita dor não tratada.
Busco remédio, encontro-o.
E já não estás por perto.
Mas estou certo de que guardado

Respira o nosso amor.

Tempos áureos – belo!
Hiato de tempo – maldito e necessário.

Tempos Idos – por certo!
Tempos Idos? – perto e imaginário.

Ismael Alexandrino



Ao som de 'Sedução' - Ido Alves
Degustando Trufas de Morango
Imagem: 'Divorced Family' - Carla Golembe

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

25 desportistas mais bem pagos do mundo

Informativo

De acordo com a Revista Forbes, os atletas da lista abaixo foram os que mais faturaram grana entre julho de 2006 e junho de 2007:

1 - Tiger Woods - golfe - US$ 100 milhões
2 - Oscar De La Hoya - boxe - US$ 43 milhões
3 - Phil Mickelson - golfe - US$ 42,2 milhões
4 - Kimi Raikkonen - automobilismo - US$ 40 milhões
5 - Michael Schumacher - automobilismo - US$ 36 milhões
6 - David Beckham - futebol - US$ 33 milhões
7 - Kobe Bryant - basquete - US$ 32,9 milhões
8 - Shaquille O'Neal - basquete - US$ 31,9 milhões
9 - Ronaldinho Gaúcho - futebol - US$ 31 milhões
9 - Michael Jordan - basquete - US$ 31 milhões
11 - Valentino Rossi - motociclismo - US$ 30 milhões
12 - Alex Rodriguez - beisebol - US$ 29,2 milhões
13 - Roger Federer - tênis - US$ 29 milhões
14 - Derek Jeter - beisebol - US$ 28,3 milhões
15 - LeBron James - basquete - US$ 27,3 milhões
16 - Floyd Mayweather - boxe - US$ 26,5 milhões
17 - Yao Ming - basquete - US$ 26,3 milhões
18 -Vijay Singh - golfe - US$ 25,8 milhões
19 - Leonard Davis - futebol americano - US$ 25,4 milhões
20 - Arnold Palmer - golfe - US$ 25 milhões
21 - Jeff Gordon - automobilismo - US$ 24,5 milhões
22 - Kevin Garnett - basquete - US$ 24,3 milhões
23 - Reggie Bush - futebol americano - US$ 23,8 milhões
24 - Allen Iverson - basquete - US$ 23,3 milhões
25 - Maria Sharapova - tênis - US$ 23 milhões

Vale ressaltar que os lucros se referem aos sálarios pagos, bem como à veiculação de imagem deles. Por isso alguns, mesmo aposentados, ainda recebem tanto.

Já cortei o meu cabelo e fiz a barba. Agora só vou esperar eu curar minha tendinite no punho esquerdo para começar a treinar golfe.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Simply the best' - Tina Turner
Degustando Gatorade de Uva Gelado

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Como controlar finanças pessoais

Artigo
Imagino que muita gente tem dificuldade em lidar com dinheiro. Isso independe da quantidade que se ganha. Ricos e pobres sofrem desse mau hábito. Claro, há exceções. Pois eu não sou exceção.

O leitor então poderia perguntar o porquê de eu escrever sobre "como controlar finanças pessoais" se eu também tenho dificuldade em lidar com dinheiro. É fácil de entender. Decidi semana passada que quero ser rico. E na atual condição financeira é, simplesmente, impossível eu me tornar rico se não mudar algumas práticas.

Aos que acham que querer ser rico é coisa do demônio, dou-me ao luxo de ignorá-los. Aos que acham que querer ser rico é coisa de Deus, sinto muito por sua falaciosa teologia da prosperidade. Eu quero ser rico porque quero ser rico. Alguns insistentes podem dizer que o importante é ser feliz, e que riqueza material não importa, pois há inúmeras outras formas de riqueza. Concordo. Acontece que já sou muito feliz e as outras riquezas subjetivas eu já as tenho de sobra. Agora quero ter dinheiro, muito dinheiro. Ser rico financeiramente falando. Simples assim.

No entanto, aqui não falarei de como se tornar rico, mas sim de como controlar finanças pessoais. Acredito que isto precede àquilo. Lógico que excluo os que já nasceram em berços de ouro. Estes podem, eventualmente, não saber controlar as finanças. Pois eles não se tornaram ricos; já nasceram assim, são ricos congênitos.

A regra é bem óbvia e bem simples de ser compreendida: gastar menos do que se ganha. Grande revelação! Você deve estar pensando. Não só de revelações viverá o homem. O óbvio às vezes precisa ser dito, aliás, re-enfatizado. Acontece que esta óbvia e simples receita é extremamente difícil de ser seguida pelos gastadores.

E eu sou um gastador inveterado. Aprendi com minha mãe e irmãos. Ainda não comprei urubu voando, mas por falta de oportunidade. Gosto, sobretudo, de comprar livros. Vários.

Na empreitada de tentar controlar finanças, ajudas eficazes quase sempre são bem-vindas. Para usar a regra que mencionei faz-se necessário ter atitudes aliadas. Uma delas é ser organizado; é fundamental saber quanto de dinheiro entra em um mês e, sobretudo, quanto sai e, principalmente, por onde sai, em que o dinheiro está sendo aplicado. Só que também não é nada fácil se organizar neste aspecto.

Alguns que se dizem organizados fazem anotações em caderninhos. Outros utilizam de planilhas eletrônicas. Ainda há aqueles que dizem guardar tudo na cabeça. Os caderninhos eu odeio – todos! –, principalmente os de capa verde e azul. As planilhas eletrônicas pressupõem que o indivíduo que lida com elas já é organizado. Guardar tudo na cabeça no que tange finanças, sinceramente, não é comigo.

Complicada minha situação então, hein? Mas tenho fé! Você tem? Se for um otimista e responder que "sim", apresso-me em informá-lo: fé não basta, meu querido leitor. A fé que tem, tem-na para ti, mas me importo em lembrá-lo que você vive em sociedade.

Mas....Mas!.... ainda assim há solução. Existem no mercado (calma, calma, não estou oferecendo mais um gasto mercadológico não) alguns aplicativos que se propõem em ajudar na organização das finanças. São softwares bastante completos que já trazem as planilhas prontinhas, organizadinhas. E mais: alguns deles, inclusive, importam seus extratos bancários para preenchê-las através de um documento emitido virtualmente pelo seu banco. Tudo isso traçando gráficos ilustrativos e mostrando indicadores.

Um bastante conhecido é o Microsoft Money. Só que este é pago. No entanto, ainda há recurso para a sua vida financeira descontrolada. Descobri, recentemente, um aplicativo muito bom, muito completo, e muito fácil de ser atualizado. Ele se chama
Hábil Pessoal e é disponível para download gratuitamente. Tem, inclusive, vídeo-aula gratuita, que ensina você a utilizá-lo. Quando eu digo "gratuitamente" é com zero custo mesmo. O pessoal trabalha de graça, então? Claro que não! Há anunciantes que patrocinam o desenvolvimento do software. Há também uma versão paga para quem não quer ver o anúncio dos patrocinadores, ou para empresas. Mas não vejo necessidade de adquiri-la.

Bom, para começar, essas são as minhas sugestões: gastar menos que ganhar, organizar-se, obter auxílio – por exemplo, de um software desses – e, claro, trabalhar. Porque milagres não costumam acometer os que não trabalham. Tudo bem, pode colocar alguém para trabalhar para você, mas não esqueça que o trabalho é fundamental.

Controlar finanças pessoais, por mais que pareça, não é mágica. Trata-se de ilusionismo, que até parece mágica, mas tem toda uma lógica por trás. Vamos lá, mova-se! Tire o pé da lama. Quem sabe em breve já não dê para você pensar em ser rico também.

Ismael Alexandrino

Ao som de Moedas de Ouro sendo amontoadas
Degustando Green Label
Imagem: 'Eu odeio contar moedas' - Álvaro Martins

O rolo do Rolex

Artigo


No início do mês, o apresentador Luciano Huck escreveu um texto sobre o roubo de seu Rolex. O artigo gerou uma avalanche de cartas ao jornal, entre as quais uma escrita por mim. Não me considero um polemista, pelo menos não no sentido espetaculoso da palavra. Temo, por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino. Por outro lado, não arredo pé de uma boa discussão, o que sempre me parece salutar. Por isso resolvi aceitar o convite a expor minha opinião, já distorcida desde então.

Reconheço que minha carta, curta, grossa e escrita num instante emocionado, num impulso, não é um primor de clareza e sabia que corria o risco de interpretações toscas. Mas há momentos em que me parece necessário botar a boca no trombone, nem que seja para não poluir o fígado com rancores inúteis. Como uma provocação.

Foi o que fiz. Foi o que fez Huck, revoltado ao ver lesado seu patrimônio, sentimento, aliás, legítimo. Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal.

Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como "sou cidadão, pago meus impostos". Dias depois, Ferréz, um porta-voz da periferia, escreveu texto no mesmo espaço, "romanceando" o ocorrido. Foi acusado de glamourizar o roubo e de fazer apologia do crime.

Antes que me acusem de ressentido ou revanchista, friso que lamento a violência sofrida por Huck. Não tenho nada pessoalmente contra ele, de quem não sei muito. Considero-o um bom profissional, alguém dotado de certa sensibilidade para lidar com o grande público, o que por si só me parece admirável. À distância, sei de sua rápida ascensão na TV. É, portanto, o que os mitificadores gostam de chamar de "vencedor". Alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração.

E-mails de leitores que chegaram até mim (os mais brandos me chamavam de "marxista babaca" e "comunista de museu") revelam uma confusão terrível de conceitos (e preconceitos) e idéias mal formuladas (há raras exceções) e me fizeram reafirmar minha triste tese de botequim de que o pensamento do nosso tempo está embotado, e as pessoas, desarticuladas.

Vi dois pobres estereótipos serem fortemente reiterados. Os que espinafraram Huck eram "comunistas", "petistas", "fascistas". Os que o apoiavam eram "burgueses", "elite", palavra que desafortunadamente usei em minha carta. Elite é palavra perigosa e, de tão levianamente usada, esquecemos seu real sentido. Recorro ao "Houaiss": "Elite - 1. o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social [este sentido não se aplica à grande maioria dos ricos brasileiros]; 2. minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social [este, sim]".

A surpreendente repercussão do fato revela que a disparidade social é um calo no pé de nossa sociedade, para o qual não parece haver remédio – desfilaram intolerância e ódio à flor da pele, a destacar o espantoso texto de Reinaldo Azevedo, colunista da revista "Veja", notório reduto da ultradireita caricata, mas nem por isso menos perigosa. Amparado em uma hipócrita "consciência democrática", propõe vetar o direito à expressão (represália a Ferréz), uma das maiores conquistas do nosso ralo processo democrático. Não cabendo em si, dispara esta pérola: "Sem ela [a propriedade privada], estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos". Confesso que me peguei a imaginar esse sr. de tacape em mãos, lutando por seu lugar à sombra sem o escudo de uma revista fascistóide. Os idiotas devem ter direito à expressão, sim, sr. Reinaldo. Seu texto é prova disso.

Igual direito de expressão foi dado a Huck e Ferréz. Do imbróglio, sobram-me duas parcas conclusões. A exclusão social não justifica a delinqüência ou o pendor ao crime, mas ninguém poderá negar que alguém sem direito à escola, que cresce num cenário de miséria e abandono, está mais vulnerável aos apelos da vida bandida. Por seu turno, pessoas públicas não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate.

Por fim, devo dizer que sempre pensei a existência como algo muito mais complexo do que um mero embate entre ricos e pobres, esquerda e direita, conservadores e progressistas, excluídos e privilegiados. O tosco debate em torno do desabafo nervoso de Huck pôs novas pulgas na minha orelha. Ao que parece, desde as priscas eras, o problema do mundo é mesmo um só – uma luta de classes cruel e sem fim.

José de Ribamar Coelho Santos¹


Ao som de 'Bienal' – Zeca Baleiro
Degustando Suco de Limão (bem azedo)
Imagem: 'Relógio' - Dickson Júnior


¹José de Ribamar Coelho Santos, o Zeca Baleiro, é cantor e compositor maranhense.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Curiosidade sobre o Café

Curtas

Na Turquia dos séculos XVI e XVII, quem fosse pego tomando café era condenado à morte. Tomar café é algo tão prazeroso, mas tão prazeroso para quem o faz, que desperta inveja alheia. E essa coisa de tirar o prazer do outro é algo no mínimo sádico.

Ministério da Saúde adverte: "Ser sádico faz mal à saúde. Se os sintomas persistirem, o médico psiquiatra deve ser consultado. Em alguns casos, até mesmo o pai-de-santo do bairro ou um pastor da igreja universal. O tratamento é importante, mas custa caro."

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Bandeira' - Zeca Baleiro
Degustando Café com Fumaça, muita Fumaça

sábado, 27 de outubro de 2007

Eterno amor

Poesia


Se o que te passas
É o que me passa,
Então passaremos
O resto da vida
Passeando
De mãos dadas
E amando
Ver o tempo
Que não há
De passar.

Ismael Alexandrino




Ao som 'Let you Down' - Dave Matthews Band
Degustando Chá Gelado de Mate com Limão
Imagem: 'Trilha Pedra do Sino' - Ismael Alexandrino

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A arte de educar

Ensaio

Em sociedades patriarcais, conservadoras, judaicas, esquerdistas, fascistas, anarquistas, consumistas, e até mesmo naquelas sem estrutura filosófica que se adeqüe, sempre há uma maneira de se educar os jovens. Em muitas, a palavra certa seria 'controlar'.

Atualmente muitas crianças e adolescentes estão recebendo de seus pais ordens dadas a gritos; regras lhes estão sendo impostas e limites lhes são estabelecidos, não como uma forma de integrá-lo ao mundo da moral e da dignidade, senão como forma de torná-los toleráveis na vida em comunidade. Dever-se-ia ensinar a esses jovens o caminho correto a ser percorrido, apresentando-lhes as ramificações desses bons caminhos e as inúmeras vantagens que lhes são atribuídas. É fundamental lhes instigar a vontade de vencer e aprender. Autocontrole, confiança e segurança são a base maior de um caráter livre e que vence barreiras, sem delas fugir.



Para tanto, é preciso saber educar. A arte de educar exige prévia cultura, conhecimento histórico, boa retórica e inteligência articulante. É necessário dar bom exemplo. O filho, a fim de ouvir e seguir os ensinamentos do pai, deve, antes, se orgulhar dele. Ao se usar de parâmetros educativos, o objetivo é tornar o ser feliz, produtivo e sociável. Ao se usar de limites e ignorância – ameaçando punições –, o ser se tornará descontente, tentado, revoltado e errôneo.

Incrustado em si a humanização, e já de conhecimento de seu próprio valor, o jovem tende a construir seu caminho, independente e virtuoso. Embora tenha que respeitar, criticará e recusará a vulgaridade e os sensos comuns, os vazios em sua auto-reflexão, em sua essência.

A educação é como um gen. Seja este mau ou bom, passará aos descendentes das pessoas, e contaminará a população. Limites como: "volte no máximo às nove", "esteja na cama exatamente às dez" ou "não sairá com sua namorada hoje porque já saiu ontem", não são atitudes construtivas deixadas como herança. Mas "Sê melhor e anda com os melhores" é um sábio ensinamento deixado na família; perdura por gerações.

Há de haver assistências afetivas, atenção ao desenvolvimento do filho, estudo de sua psicologia, e propostas de atividades e competições que garantam não somente o crescimento humanitário do adolescente, como também a proximidade da relação pai-e-filho. São, pois, o início ideal da formação do jovem, sem que nada disso requeira extremo estabelecido que restrinja as ações do mesmo.

Gabriel Carvalho¹


Ao som de 'Pais e Filhos' - Legião Urbana
Degustando Milho Verde com Suco de Maracujá
Imagem: 'Pai e Filho em Lençóis-BA' - Ismael Alexandrino

Gabriel Carvalho¹, meu querido sobrinho do qual me orgulho, faz 2º ano do Ensino Médio no Colégio WR, em Goiânia-GO.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Stress, uma moda antiga

Crônica

Que horas são? Você não está atrasado para alguma coisa? Não deveria estar fazendo algo em vez de estar lendo isto aqui? Que horas você se levantou hoje? O que você fez durante o dia? Enfrentou alguma fila? Teve uma conversa desagradável com alguém? O trânsito estava tranqüilo? Ouviu alguma notícia de morte, guerra, terrorismo, destruição, assalto a banco, violência, tráfico de drogas ou algo do tipo? Tem alguém doente na sua família? Ficou algo que deveria ter feito durante o dia, e você não fez? Quando for deitar você ficará pensando no que ocorreu durante o dia, e que não te agradou? Ou, no que deve fazer amanhã? A propósito, que horas você tem que levantar amanhã para fazer tudo que tem feito e ainda completar o que não foi feito hoje?

Essa é a dinâmica do mundo contemporâneo. Um corre-corre sem fim. Parece que nunca cumprimos tudo que devemos e, quando o fazemos, nem sempre agradamos a todos. O fato é que a todo instante no dia-a-dia estamos expostos a situações geradoras de stress. Dizem os especialistas que é a doença da contemporaneidade, a doença do século XXI. Sim, uma doença e, como tal, precisa ser tratada, precisa-se saber lidar com ela.

Desde os tempos longínquos o homem esteve convivendo com esse mal que extenua a vida. Achar que só hoje existe stress, e que este é a moda no momento, é tapar os olhos para o passado.

Os homens, quando habitavam lugares rudimentares, como cavernas e cabanas, tinham que caçar o próprio alimento e se viam expostos às diversas feras. Isso, certamente, gerava-lhes certo grau de stress. As esposas destes, enquanto eles estavam no campo cuidando da lavoura, pensavam quando viria a chuva para crescer a semente, e, assim, poderem colher e cuidar dos seus filhos. Ou, quando estavam à espera dos maridos que saíram para caçar algum bicho, possivelmente ficavam ansiosas por sua volta são e salvo. Condições que certamente também criavam stress.

Na Antigüidade, as épicas guerras de conquistas como, por exemplo, o avassalador império Romano ou a ditadura ferrenha de Esparta, na Grécia, com certeza fora motivo de angústia para os que viveram naquela época.

A ditadura religiosa do medievo, sob o comando alienante da Igreja Católica, e, logo após, o afã do Renascimento, possivelmente não foram inocentes à angústia daqueles queimados na fogueira do Tribunal da Inquisição.

A modernidade, a ferro e a fogo, incomodou a muitos com as Revoluções Francesa, Industrial e tantas outras. A história põe-nos à vista diversos episódios que atentaram contra a tranqüilidade humana e, sem dúvida, fomentaram o stress.

E a pós-modernidade segue dando sua contribuição muito bem.

Percebe-se, então, que não se trata de algo novo, que surgiu recentemente. Contudo – e é nisso que devemos estar atentos –, vivenciamos um período de maior exposição a situações geradoras de stress, situações que não podemos simplesmente fugir. Pois elas estão à nossa porta, dentro da nossa casa, onde quer estejamos. Com essa percepção, o stress deve ser encarado como algo que deve ter sua gênese, sua causa compreendida. Só assim será possível conviver com ele, buscando, acima de tudo, o equilíbrio para dele se defender.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Smaointe' - Enya
Degustando Café Mocaccino com Cauda de Chocolate
Imagem: 'Contraste' - Fabiano Ruiz

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Tonteira

Prosa Poética

O vento silva nos meus ouvidos, desgrenha os meus cabelos, embala velozmente a lânguida janela que se arrebenta contra a parede.

Uma nuvem negra me sufoca o semblante. Em breve o aguaceiro brotará dos meus olhos.

Sílvio Sebastião¹


Ao som de 'Braveheart theme' - Enya
Degustando Chá Mate
Imagem: 'Nuvem negra' - Erico Christmann


Sílvio Sebastião¹, meu irmão mais velho, é analista de sistemas sênior, também graduado em publicidade e propaganda, pós-graduado em marketing, e com MBA em marketing.

sábado, 6 de outubro de 2007

Sobre poetas em dias (in)úteis

Curtas


Li, certa vez, que os poetas não abrem aos domingos e feriados. Pois estou numa praia semi-deserta na costa nordeste do Brasil. Sim, estou fechado para um balanço (tranqüilo na rede).

Ismael Alexandrino



Ao som de 'Vivir Sin Aire' - Maná
Degustando Coquetel de Frutas Gelado

Economizar, economizando...

Artigo


Uma das grandes dificuldades dos nossos dias atuais tem sido a grande dificuldade em economizar. No esboço da economia atual, fica cada dia mais difícil fazer “poupança”* , ora em função da cultura consumista de um país, ora em razão da renda não ser suficiente para os gastos mensais. Mas, mesmo assim, com algumas ações, podemos driblar e criar uma cultura acumulativa, e nos beneficiarmos também das benesses das aplicações financeiras.

Na maioria dos países onde existe uma grande circulação de dinheiro e certa estabilidade nos fatores macroeconômicos – ou seja, taxas de juros controladas, inflação controlada e fatores políticos pró-desenvolvimento é muito fácil ter acesso ao crédito –, comprar um carro não é uma questão difícil. No Brasil, atualmente, me deparei com uma concessionária vendendo um automóvel zero com a entrada com cheque para 2009, e o saldo parcelado em 84 vezes. Os bancos privados no Brasil, para fugir do compulsório, têm aberto financiamento para compra da casa própria com taxas de juros baixíssimas chegando a 8% ao ano** e financiamento em até 25 anos. Dizem, ainda, que essa situação ainda vai melhorar com a queda da taxa de juros no Brasil. Nos Estados Unidos não é diferente quando nos deparamos com a relação custo de vida. Os preços percentuais de gasolina, eletrônicos, eletrodomésticos, vestuário e muitos outros, em relação ao salário são relativamente baixo comparados com países como Argentina, Chile, México, Brasil, Turquia, dentre outros. Então fica a pergunta: por que não conseguimos comprar tudo o que queremos e no final do mês ainda estamos apertados?

É uma pergunta bem subjetiva, e as respostas podem ser inúmeras, dependendo das circunstancias. Porém, o mais importante consiste num bom planejamento orçamentário. Planejar o orçamento do mês e da família consiste em abdicar de algumas coisas em prol de um objetivo maior, que é não se apertar, e ainda sim gerar rendimentos. Sim, é possível gerar rendimentos.

O primeiro passo faz-se importante estipular uma percentagem de quanto será poupado mensalmente do salário, e criar, a partir daí, um fundo de reserva, poupança, ou seja, uma verdadeira lei a ser seguida todo mês. O segundo passo, tão difícil quanto o primeiro, é fazer tentar caber dentro do saldo estipulado toda a cesta de bens consumida. Nesse ponto entram os consumos fixos mensais como luz, telefone, gasolina, supermercado, etc. e os supérfluos que às vezes nem são tão desnecessários assim como vestuário, academia, restaurantes, etc. As prestações assumidas também devem ser levadas em consideração e devem caber dentro do orçamento familiar.

Com a difusão da internet e da computação em nível de software pelo mundo, existem vários programas que auxiliam no controle dos gastos mensais. O mais conhecido deles é o
Microsoft Money, um excelente auxiliador de controles de gastos. Nele você pode lançar os gastos por categorias e saber para onde vai seu dinheiro. Existem alguns alertas que o programa lança no sentido de mostrar as despesas que estão fora do desvio padrão, como um aumento de 30% nos custos de restaurante por exemplo. O programa também calcula o fluxo de caixa e sugere as datas para melhor caírem futuras novas despesas. É acessível a qualquer um, mesmo aquele eu não possui nenhuma experiências em contabilidade, economia ou administração.

Dificuldades nesse percurso todos enfrentam, mas a única maneira de conseguir economizar é planejar, organizar e ser metódico no planilhamento das despesas. Se não conseguirmos saber para onde vai nosso dinheiro, não conseguiremos saber onde buscá-lo.

* Poupança no sentido de acumular capital, não no sentido de aplicação financeira.
** As modalidades mais encontradas nesse sentido por enquanto tem sido 8%a.a. nos três primeiros anos e 12% a.a. nos meses subseqüentes.

David Vieira Gonçalves¹


Ao som de 'Desafinado' - Tom Jobim
Degustando Arroz com Feijão e Ovo (cardápio econômico)
Imagem:'To whom it may concern' - Marcos Vasconcelos


David Vieira Gonçalves¹, grande amigo, é Mestre em Economia pela UFPE, e Diretor Comercial do Grupo Santista - Food Business.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Falta calor e sabor na internet

Crônica


A internet ainda me frustra. Claro que hoje minha vida seria mais difícil sem ela. Não restam dúvidas de que ela me traz inúmeras facilidades. No entanto, as coisas fáceis nem sempre são as melhores. E a internet deixa a desejar. Explico, rapidamente, ao caro leitor: sou sinestésico.

Tudo se resume nesta minha confissão. O mundo virtual só consegue estimular minha visão e audição. Infelizmente, os computadores ainda não exalam cheiros, gosto, nem nos sensibiliza o tato de forma apurada. Se bem que já ouvi falar que tão logo alguns computadores vão liberar cheiro a partir de um cartão contendo inúmeras essências, assim como os cartuchos de tinta atuais. Desta forma, quando se entrar, por exemplo, num site de perfumes, sentirá as diversas fragâncias, podendo escolhê-las sem ter de sair de casa. Não diferente, ao entrar num site de cafés, o cheiro dos grãos torrados poderão ser facilmente percebidos. Mas...e o gosto? Ainda sim não serei saciado.

Eu preciso sentir o gosto. Rubem Alves – grande escritor e contador de estórias –, diz que o cientista conhece as coisas com a cabeça; os sábios, com a boca. Apesar de a medicina ser uma realidade na minha vida diária, acho que não tenho vocação para cientista. Nem quero ter. Os cientistas são frios, matemáticos, estatísticos. Posso constatar isso cada dia mais. Pouco entendem das coisas do coração, principalmente do coração alheio. E isto, porque muitas vezes não escutam o que a boca do paciente diz, e, em não o fazendo, não usam a própria boca em favor do outro. E, por isso, erram nas condutas...cada vez com mais freqüência.

Diante de uma dor de cabeça, logo prescrevem um analgésico potente. Conhecem a cabeça das pessoas pelas fórmulas bioquímicas, e pela cabeça deles. Sobra ciência. Falta sabedoria; falta sapiência. O analgésico diminui a liberação de prostaglandinas, e a dor, momentaneamente, passa. Mas o analgésico não muda os hábitos de vida, não tira preocupações, muito menos estresses. E mudar hábito de vida, dirimir preocupações, aliviar estresses requer saber ouvir, requer saber falar. Requer tempo.

Tempo?! O que é isto? Diriam alguns, espantados. Ora, tempo é aquilo que passa rápido e você não vê. Como não vê, diz não ter para praticar exercícios físicos, não ter para ouvir o seu filho, para sua esposa, para seu marido, para estudar, para curtir a vida, para passear, para apreciar uma boa música, para tomar café feito no fogão a lenha. E, definitivamente, não ter para ficar à toa, fazendo absolutamente nada, contemplando o ócio, já que isso é coisa de gente que tem tempo sobrando.

Pois eu tenho tempo sobrando. Sempre tive. As prioridades que às vezes mudaram. A minha prioridade atual é ficar fazendo quase nada, deitado numa rede, comendo um biscoito de queijo feito num forno de barro, na roça. Para completar, acrescento um café com grãos torrados e moídos na hora, bem quentinho, feito num fogo preguiçoso de uma fornalha acessa com gravetos.

Uma prioridade dessas, por mais desenvolvido que seja, o mundo virtual não aplaca. Aquele cheiro da fumaça que sobe em volúpias, aquela liga do biscoito que só os de fazenda, com muito queijo, têm. O balançar da rede...

Penso que a internet precisa de mais sábios, e menos de cientistas. Os cientistas só vêem, observam e pensam; não sentem cheiro, não percebem o gosto. Definitivamente, não compreendem o que eu digo.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Jardim da Fantasia' - Renato Teixeira e Pena Branca & Chavantinho
Degustando Biscoito de Queijo com Café Preto
Imagem:'Biscoito de queijo caseiro' - Ismael Alexandrino

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Peixe Grande – o fantástico na vida

Resenha

É sabido que a mente humana é um grande mistério. Muitos tentam ininterruptamente decifrá-la. Dedicam o curso das suas vidas a tentar entender o intangível, complexo, contagiante, e quase ilimitado mundo da psiquê. Outros, nem se atentam, e vivem totalmente à mercê de suas próprias histórias, sem a consciência exata da influência delas no contexto em que vivem. Ainda há aqueles que, mesmo sem grandes aspirações em teorizar a respeito, percebem que a vida é como um grande espetáculo, e, então, sobem no palco com uma motivação muitas vezes incompreendida pela maioria.

No filme ‘Peixe Grande’, podemos perceber toda essa diversidade comportamental. Seria pretensão desmedida querer esgotar nestas poucas linhas os diversos aspectos e as muitas abordagens que o filme traz à tona. Contudo, algumas reflexões filosóficas e psicológicas são válidas e pode-se expendê-las.

Edward Bloom é um homem de grandes sonhos, paixões e histórias inesquecíveis. Viveu intensamente, isto é fato. Mas o que chama atenção é a forma fantástica que ele contava todas às suas histórias, principalmente ao seu filho William. Não se pode dizer enfaticamente que ele mentia para seu filho. Não se questiona, no entanto, que se atentarmos para a realidade, ele extrapolava em sua imaginação. Isso pode ser visto claramente logo no início do filme quando Edward Bloom começa narrando a história de um peixe grande que parecia escabrosa, mas que explicava alguns fatos de sua vida. No final do filme, percebe-se claramente que, na verdade, o Peixe Grande do rio é o próprio Edward Bloom. A história fantástica que ele contou do Peixe Grande foi a forma que Edward encontrou de relatar a própria vida, a grandeza e a singularidade dela. Ele personificou um peixe imaginário, atribuindo a ele fragmentos importantes, ritos de passagem da sua vida.

William via seu pai como um grande mistério e nos últimos anos de vida do velho, começou a juntar peças para tentar montar uma idéia real de seu pai. Percebeu que o pai vivia a maioria das histórias, mas que, ao contá-las , dava um toque de fantástico, de grandioso, de espetacular a elas, assim como as crianças, ao contar suas histórias o fazem. Isto, chocava William – que encarava a vida de forma bastante pragmática e cartesiana. Sentia-se incomodado também o fato de o pai sempre atrair atenção, mesmo quando as atenções deviam estar voltadas a outros, ou ao próprio William. Psicanaliticamente, percebe-se que Willian, na verdade, tinha muito do seu pai, mas não conseguia exteriorizar, sentindo-se incomodado muitas vezes. Quando ele tirou as amarras do ceticismo com que encarava a vida, e entrou no mundo de seu pai Edward Bloom, já no leito de morte, William entra no mundo maravilhoso do seu pai e consegue elaborar uma história tão fantástica quanto as que sempre ouvia do velho. E, assim, auxilia seu pai a encarar a morte de forma natural e tão encantada quanto a vida.

O filme mostra William com a devida compreensão do mistério que era seu pai, pois entrou no mundo dele. Pode perceber que um “homem conta suas histórias tantas vezes que se mistura a elas. E elas, sobrevivem a ele. E é desse jeito que ele se torna imortal.” Ao contrário do que René Descartes dizia – que, para existir, bastava pensar –, William saiu de sua existência que até então era latente e não só pensou, mas agiu, criou, contou histórias ao seu filho. E, com certeza, foi não só um ser humano único e singular, mas também imortal.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Angel' - Dave Matheus Band
Degustando Crepe de Banana com Chocolate e Queijo
Imagem:'Tubarão em Fernando de Noronha' - Ciliares Mergulho

Sobre o ato de escrever

Curtas


"Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias."

Pablo Neruda¹


Ao som de 'La flor de la canela' - Ocarina
Degustando Frapê de Pêssego

Pablo Neruda¹, poeta chileno, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, faleceu em 23 de setembro de 1973.

sábado, 29 de setembro de 2007

O dia em que me senti ladrão

Crônica


Tenho o hábito de tomar café numa livraria do shopping, perto de casa, em Recife. Sempre que possível, um grande amigo me acompanha. David também é um amante deste hábito de tomar café enquanto lê ou folheia algum livro. E hoje, logo após o almoço, tivemos o privilégio de irmos lá prosear. Enquanto folheávamos – sem compromisso – alguns livros, tomávamos um cappuccino com chocolate crocante e um espumone light. Ele quase sempre pede um espumone light. Eu costumo variar mais o cardápio. Ele, não raro, diz estar de dieta. Mas adora estar nos restaurantes que disponibilizam rodízios à vontade. Eu também.

Divertíamos vendo um livro sobre filosofia. Na verdade, era filosofia de bar, de salão de beleza, ou de café, enfim, filosofia que não é levada muito a sério. Existiria alguma filosofia levada a sério? Filosofia é a arte de perguntar, de desconfiar da seriedade das coisas. Penso, sinceramente, que nenhuma filosofia leva as coisas muito a sério. Se levar, vira academicismo, protocolos pré-moldados, busca incessante de resultados – esperados ou não, mas busca incessante – tempo para cumprir, metas a alcançar, objetivos gerais, objetivos específicos. Uma distância considerável das divagações filosóficas.

Pois, descontraídos e desprovidos de seriedade, divertíamos. ‘Aquilo que parece ser, mas não é’, este era o título do livro. Bem filosófico. Metalingüístico, diria. Pois a filosofia é algo que parece ser, mas não é. Parece ser séria. O livro não tem uma proposta maior que a de ser lido em cafés, sem preocupação alguma. É um livro para se impressionar, para sorrir de si mesmo. E o sorriso é inevitável quando o autor mostra um dado objeto, por exemplo, que você jura que é uma forma geométrica, e é outra. Num deles, ele mostra uma gravura em que o plano de fundo é formado por alguns losangos pequenos e coloridos e no primeiro plano há círculos concêntricos. Ninguém que olha tal figura diz que os círculos são concêntricos, a impressão é de que são espirais. Mas são círculos, pode até se provar com a ponta de uma caneta rabiscando o trajeto da linha. Há vários exemplos de ilusões de ótica, exemplos em que nossos próprios olhos nos são infiéis. E eu que sempre acreditei na fidelidade, fiquei desconfiado de mim mesmo.

Depois de várias considerações que não vão salvar o mundo, pitadas de piada, poesia, e afagos no paladar, pedimos a conta. Ele, com vários livros na mão, saiu perambulando pela livraria devolvendo os livros nos respectivos lugares (prática que recomendo). Eu, apenas com um, seguia-o por entre as prateleiras, ainda de bom humor.


Saímos da livraria, e caminhávamos pelos longos corredores e galerias rumo aos nossos carros. Comecei a rir. Ele também, imaginando que eu ria de alguma bizarrice do nosso “tratado de filosofia”. Continuei rindo, mas envergonhado. Minha face corou. Ele sorriu sem graça, tentando entender meu riso, imaginar o porquê meu riso variou do humor ao constrangimento. Notei que ele estava confuso, não sabia se ria ou se perguntava a mim o que era. Voltei a rir sem a feição de envergonhado. Mas, no íntimo, meu constrangimento era enorme. O dele aumentava. Penso que gritava dentro de si um “fala logo o que aconteceu”, quase raivoso.

“Preciso voltar, cara.” – eu disse. Os nós na cabeça dele cresciam em número, tamanho e complexidade. “Pode ir para o carro, amanhã a gente se fala. Preciso voltar.” Sua face revelava uma angústia considerável. “Depois a gente se fala.” – insisti, já dando meia volta e lhe estendendo a mão para me despedir.

Ele não se conteve na sua costumeira discrição. “O que é que aconteceu, cara?” – indagou-me, apreensivo.

“Depois eu te conto, David, preciso ir rápido.” – respondi, afastando-me dele a passos largos.

Entrei novamente na livraria, procurei a seção dos livros nacionais. Relativamente aflito, não conseguia encontrar onde estavam os de crônica, o que sempre fazia com facilidade. Eu olhava desconfiado para os lados à procura de um vendedor. Não que quisesse a ajuda de algum deles. Na verdade, eu não queria que nenhum deles me visse. Meu coração palpitava, e eu tinha medo de que alguém pudesse ouvi-lo. Tinha medo de ser notado. Fui sumindo. Minha vontade era me transformar numa poesia parnasiana, e ficar lá, estático, escondido nas páginas de um livro. Dificilmente eu seria encontrado pelo vendedor ou algum leitor.

Ofegante, parei diante da prateleira trinta e quatro. Era ela. Logo acima da minha cabeça. Bem ao lado de um livro de Rubem Braga, o espaço vazio. Estendi a minha mão, e o completei.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Orange Sky' - Alexi Murdoch
Degustando Capuccino com Chantilly de Menta
Imagem:'Livros' - Dickson Júnior

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sobre a verdadeira pobreza

Curtas

“Tem gente que é tão pobre, mas tão pobre, mas tão pobre, que a única coisa que tem é dinheiro…”



Ao som 'Pescador de Ilusões' - O Rappa
Degustando Suco de Limão


Pedro de Lara¹, ator e humorista, faleceu em 13 de setembro de 2007.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Bate-papo com Paulo coelho

Curtas



Num bate-papo online com Paulo Coelho, promovido pela UOL hoje com o escritor atualmente na Itália, achei isto bem interessante:

"Internauta: Paulo Coelho, fé e razão andam juntas?

Paulo Coelho: Claro. Mas se tiver uma decisão difícil, e as duas derem respostas diferentes, optarei pela fé."

Já me correspondi com Paulo Coelho, inclusive tenho autógrafo dele em papel timbrado pela Academia Brasileira de Letras. Muitos têm preconceito em lê-lo. Só me fez bem.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Metamorfose ambulante' - Raul Seixas
Degustando Café Preto com Raspas de Canela

domingo, 23 de setembro de 2007

Um olhar atento sobre o moralismo religioso

Crônica


Nada me soa tão ignóbil quanto o moralismo religioso. Jesus Cristo veio para que todo aquele que fosse alcançado por sua boa nova tivesse vida, e vida em abundância. O que tenho visto o moralismo religioso produzir são pessoas psicologicamente doentes, encarceradas, cheias de paranóias, bloqueios e toda sorte pulsões, conseqüentes de projeções outrora reprimidas.

A observância da moralidade é fundamental para o bom convívio social. A ética, como um estudo crítico e reflexo sobre a moral, é imprescindível para nortear o bom caminho do indivíduo. O moralismo (muito diferente de um sério estudo sobre moralidade), no entanto, visa tolher a liberdade alegando que esta pode se tornar libertinagem. Uma falácia sofismável!

A ética de Jesus Cristo nos permite vivenciar desde já o paraíso (que é eterno). A moralidade nos aponta parâmetros no caminho. O moralismo nos mostra o cárcere e nos confina nele.

A ética do Mestre deve ser seguida, pois é de caráter imaculado, e, nela, não há dolo. A moralidade é interessante que seja observada, a fim de se compreender contextos e costumes. O moralismo religioso, por sua vez, deve ser desmascarado, e enterrado, pois chega a dar náuseas com cheiro putrefato de morte, muito distante de vida; mais distante ainda de vida em abundância.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Imagine' - John Lennon
Degustando Chimarrão
Imagem:'A janela do paraíso' - Pedro Vieira, o Viajante