Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Flerte

Sorrateira tarde
Matreira tarde
Tarde...
Nunca é tarde.

Mão macia, fina
Inicialmente tímida
Lábios entre-abertos
Sorriso pelo meio.

Contemplo-te
- também tímido -
Pela veneziana
Dos meus olhos
Que falam demais.

San Marco inteira nos observa.

Absortos numa luz fugidia
Navegamos por canais exóticos
Contemplando enfeites eróticos
Nas vitrines de máscaras e muranos.

De ímpeto, versos me inundam
De total contentamento.

Entre vozes animadas, cantantes,
O silêncio nos fala
Mais que qualquer enciclopédia
Meramente teórica,
Retórica,
Estóica,
Que a virtude é suficiente
Para a felicidade.

Que os filósofos não me ouçam,
E não digo que a filosofia é vã.
Mas para um poeta,
A felicidade é realismo abstrato,
De sobressalto
Traslada pelos ares bascos
E repousa sonolenta
- porém paciente -
Além do Atlântico,
Algo ansiosa, expectante,
Bocejando lábios de mel,
Há algumas esquinas
Do Parc Guell.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Vivir sin aire' - Maná
Degustando um Chianti Clássico

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