Café Alexandrino - O lado aromático da vida

domingo, 24 de dezembro de 2017

Noite escura

Meus confrades já se foram todos
Partiram sem deixar nenhum bilhete.
Estou só, caminho a esmo,
Ao largo da consciência;
Na inconsciência,
Subescrevo-lhes.

Mário de Sá-Carneiro,
Querendo se aproximar da morte,
Buscou-a aos 26.
Rimbaud, aos 27.
Pessoa, hepatopata, não completou
A quinta década.
Vinícius, aos 66, dizem, 
Foi embora com edema de pulmão,
Mas se bem me lembro, foi de paixão.
Vininha não tinha dores,
Morreu de amores.

Vou deixando gota a gota
- um pouquinho de cada -
Essa ingrata vida dedicada.

Morro de amores, de paixão,
Falta-me o fôlego, a respiração.
Também estou doente das vísceras;
E me aproximo cada vez mais.

Em pouco tempo
Não mais ouvirão
Minhas batidas
Meu suspiro
Meus ais.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'Aria - Suite para Orquestra N. 3' - Sebastian Bach
Degustando Queijo Grana Padano com Vinho Chateau Lê Pin


Nenhum comentário: