Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Clores

Poesia

Clores

D'antes, tínheis n'alma
Óleo, tela e pincel
Éreis plásticos, belos,
Detínheis elos não estáticos,
Singelos gestos não apáticos.

D'antes, tínheis n'água
Substância límpida a sorver,
Saciável e nobre bebida
De insaciáveis e puros lábios
Saciáveis, entretanto, um n'outro, e tanto.

D'antes, tínheis n'aquarela
Rosa-rósea o rosto corado,
O branco não era amarelado,
Não tinha gosto de fel,
E o amarelo era adocicado
Como o mais dulcíssimo mel
Tão contagiante e bonito,
Tal qual o azul do céu.
E o céu da boca vermelha,
Aquecido de um sol tropical
Não adjacia de lábios fendidos,
Feridos de um inverno infernal.

D'antes,
Tínheis
Pintados reais sorrisos no rosto,
Éreis
De arte, obra de fina apreciação,
Detínheis
Cores de todo espectro da visão.

D'antes,
Perto longe demais.
N'água rara derramastes a tela,
Misturando óleo n'aquarela,
Desfazendo cor, cores,
Despintando flor, flores,
Pintando, agora, n'alma longe,
Clores e alguns ais.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'The blower's daughter' - Damien Rice
Degustando Trufas de Uva com Vinho
Imagem: 'Sem título' - Ismael Nery

2 comentários:

Anônimo disse...

O talento é feito na solidão;o caráter nos embates do mundo.
Tua poesia é maravilhosa,inteligente, intrigante e nos leva a sonhar de olhos abertos.
Tua fã
Eu

Anônimo disse...

Querido ismael,

estou tentando comentar aqui desde que vc postou, mas ate agora nao consegui. sempre aperto nos botoes errados pq esta tudo em alemao aqui.
QUeria dizer que seu cafe tem um gostinho especial aqui de tao longe. Nossa lingua e simplesmete m a r a v i l h o s a!!!!
continua postando pra eu me sentir mais `em casa..` =)
(decsulpa a falta de acentucao)
Um abraco!
Narinha