menina-moça,
tens dons infindos
– até os anjos sabem.
mas um dos que mais gosto
é essa ligeireza que tens
em me fazer brotar, de súbito,
pingos em minha face petrificada
pela distância-tempo em que fui construído.
somos estalactites e estalagmites
nascidas em tempos remotos
e que hoje, consolidadas, tocam-se
formando esculturas irretocáveis.
habitamos cavernas de sonhos
mergulhamos em mares profundos
– quase virgens – escondidos dos olhos
das multidões atrozes por nos consumir.
és meu paraíso oculto.
não sei o que sou para ti, no entanto.
mas sei, moça-menina,
que sem mim te tornarias perdida
(desabaria!)
e sem ti dificilmente eu existiria
de pé.
Ismael Alexandrino, Bari
Ao som de 'É isso aí' - Ana Carolina & Seu Jorge
Degustando Água gasada com limão
Imagem: 'Estalactites' - Tai KS
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Um comentário:
Ismael, poeta! Que belos versos. Lembra até o imortal poema “Uma face na escuridão” do seu amigo in memória Manoel Bandeira.
Parabéns! Fabio Lisandro.
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