Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Meu último Verso

Poesia

Nunca imaginei que engasgaria
Com meu próprio verso.
Meu mais belo verso.
O único
Perfeito
Verso.

Mas ele não desce
Constringe o peito
Fluído, reflui
Vaza olhos abaixo.
Olhos negros meus
Vazios, perdidos na escuridão
Sem rumo.
Diferentes dos brilhantes
Verde-azulados seus
Cheios, vivazes
Cheios de horizonte.

Sem forças para contrapor,
Desfaleço-me em meu leito vazio
Bege, vermelho e preto.

Lembrar do seu sorriso doce
Da sua tez alva e macia
Suas madeixas de carvão
Faz me brotar sorriso
Precordialgia
Pesar
Paixão
E sonhos.

Sonhos são importantes.
E ainda os tenho.
Adormecidos, deveras.
Intactos, no entanto.
Todos.
Tolos alguns, de fato.
Mas, meus. Seus. Nossos.

Inerte, não tenho mais versos.
Lúgubre verbo desconjugado no presente
Aquele presente raro se afastou de mim.

Meu Verso saltou da minha Poesia.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Mais uma vez' - Jota Quest
Degustando vácuo
Imagem: 'Lilás e azul' - Álbum de fotografia

Um comentário:

Unknown disse...

Meu Caro Ismael!

Quanto tempo hein, rapaz?
Sempre a nos provocar com essas suas palavras líricas e doces, ressaltando ao fundo o que a alma fenece.
Ao ler esse “seu último verso”, lembrei muito de outro verso do nosso saudoso Manuel Bandeira. Porém, outro Bandeira, na sua concepção não pessimista de acreditar e persistir, nos sonhos.

Parabéns.

Fabio Lisandro.