Café Alexandrino - O lado aromático da vida

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Amante macabra

Poesia


Dulcíssima morte, liberdade-mor,
Em teu ornamentado sepulcro caiado
Repouso serenamente minha eternidade.
Encontro-te gélido e pálido,
Em teu peito, enfim, aqueço-me,
Depois de tantos calafrios
Que me provocaste.
Sinto gozo neste teu abraço
Dotado de ciúme ardente
Jurando nunca me abandonar.
Na intimidade não te mostras arredia;
Dá provas de fidelidade incondicional.
Comete injustiça quem te maldiz,
Pois és remédios para muitas,
-- senão a maioria --,
Das amarguras que a vida
-- aquela vadia -- me causou.
Em dias hodiernos, és o meu refúgio,
Em ti posso acalentar meu pranto.
Pranto este que a vida
-- aquela vadia desvairada -- me causou.
Abandonou-me em lágrimas no meio do caminho
E em teus braços, ó morte,
Para sempre me entregou.

Ismael Alexandrino

Ao som de 'À morte' - Nicole Borger
Degustando Café Expresso Platinum
Posted by PicasaImagem: 'La morte' - Seneca

Um comentário:

drika disse...

surpreendente o poema, fazer da morte uma inspiração rendeu algo muitíssimo interessante!

bjos!