Café Alexandrino - O lado aromático da vida

sábado, 20 de janeiro de 2007

Felizes são as crianças

Crônica

Ouvi, quando criança, uma história que guardei no coração. Porque as crianças são assim: guardam as histórias que contamos no coração. Por isso, devemos sempre estar atentos àquilo que contamos a elas.

Pois esta eu guardo até hoje. Acho que continuo criança. A bem da verdade, gosto disso. Quero continuar com espírito de criança por todos os meus anos vividos. E torço para que sejam muitos! Há poucos dias, li sobre uma senhora, tida como a mais velhinha que pisava sobre a Terra. Pisava, não pisa mais. Ela fechou os olhos definitivamente aos 131 anos de idade em casa e sem doenças aparentes. Já um pouco cansada, apenas dormiu profundamente. Deixou um filho adotivo com 86 primaveras vividas.

Digo que quero viver menino, pois acho as crianças sinceras e alegres. Já pensou ser sincero e alegre por 131 anos? Sonhos são sonhos e, um dos meus, é viver menino e morrer poeta.

Pois bem, voltando à história de que sou guardião, lembro-me dela com clareza. Diz que, certa vez, um Nazareno peregrinava e, vendo que muita gente o acompanhava, parou, se assentou e começou a falar sabiamente àqueles transeuntes. Antigamente os sábios, quando iam dizer algo, costumavam se assentar no chão. Foi isso que ele fez. A multidão estava em pavorosa, agitada, ansiosa para vê-lo, sobretudo, para ouvi-lo. Com voz mansa, ele proferiu um verdadeiro poema mais ou menos assim:

“Felizes os humildes de espírito, porque dele é o reino dos céus.
Felizes os que choram, porque serão consolados.
Felizes os mansos, porque herdarão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Felizes os limpos de coração, porque verão a DEUS.
Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.”

É com profundo cuidado que carrego, desde a tenra idade, esta cena marcante a mim contada. Posso imaginar cada singelo gesto.

Noutra oportunidade, também nesta época, disseram-me que o Nazareno, ao ser indagado quem seria o maior no reino dos céus, chamou uma criancinha, a colocou no seu colo e, prontamente, respondeu: “se não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.”

Pensando bem, acho que tenho mais motivos para tentar viver como as crianças.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Aquarela do Brasil' - Toquinho
Degustando Suco de Uva com Maça
Imagem: 'Infância' - Cesar Coe

2 comentários:

Anônimo disse...

e é?


Muito bom o texto. Parabéns!

Anônimo disse...

Sim,meu amor!Seremos sempre criancinhas,com a pureza do Amor que nosso Pai colocou em nossos corações!
Te amo!
Beijos!