Café Alexandrino - O lado aromático da vida

terça-feira, 10 de julho de 2007

Imagine-se pegando fogo

Crônica

Há algum tempo tenho ficado perplexo com as catástrofes naturais. Alguns que gostam de destruir argumentos com fatos históricos podem argumentar que catástrofes naturais sempre existiram. Que, até na Bíblia há relatos de coisas do gênero como, por exemplo, o dilúvio que assolou a Terra, só preservando os bichinhos que o vovô Noé e sua família colocaram na famosa Arca de Noé. Tudo bem, eu sei. Mas é inegável que a freqüência de tais inquietudes da natureza tem sido assustadora.

Pouco assisto televisão, para não dizer que não assisto. Hoje estava ornamentando uma fonte de água com umas mudas de"Maria sem vergonha", "Era", "Cactos", "Pinheiro", "Lírio da Paz", "Érica", "Begônia" que comprei para enfeitar e dar vida ao alpendre da minha sogra. Enquanto adequava os seixos brancos, procurando uma melhor posição para eles e outras pedras, escutava o Jornal Nacional. Mansões nos Estados Unidos foram destruídas pelo fogo, cidades estão ameaçadas por incêndios nas florestas, o Rio Madeira receberá duas novas hidrelétricas, Buenos Aires neva depois de 90 anos. Percebi que boa parte do noticiário dedicou-se, basicamente, a relatar assuntos climáticos, alterações inesperadas.

A Terra está passando por um mal-estar terrível. Por vezes, com febre. Outras, com calafrios e tremores descontrolados. Seus pulmões -- algas e florestas -- estão insuficientes, seus vasos -- os rios -- estão repletos de placas de ateroma, sujos, contaminados. Há fungos que matam plantações inteiras, há vírus que destroem cardumes por completo. O homem, um macroorganismo egoísta e espoliador das vísceras do planeta, só se importa com a comida de agora. E a Terra agoniza com suspiros profundos, chora chuvas de granizo, e derrama os mares pelas bordas.

Economizar energia não deve ser prática somente dos que tem salário mínimo. Ao contrário, dos que têm um mínimo de consciência. Jogar lixo no lixo deve ser um gesto básico de educação que precisa ser reaprendido, mesmo que existam os garis. Queimar menos combustível, além de diminuir o efeito estufa, ainda pode ser uma forma de desencostar a bicicleta empoeirada e dar mais saúde ao corpo.

Algo, querido leitor, deve urgentemente ser feito. Só não dá para não fazer nada, e morrer afogado ou queimado.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Cio da Terra' - Almir Sater
Degustando Chá de Camomila
Imagem: Somente as do meu pensamento

3 comentários:

Vicktor Reis disse...

Caro Ismael
Venho aqui muitas vezes tomar café, a "biquinha" como dizemos por cá em Portugal. Tomo sempre sem açúcar. Depois saio... Hoje fiquei um pouquinho mais para lhe dizer que os seus textos estão magníficos. Este me encantou pela temática.
Um abraço.

Anônimo disse...

Tem um email que circula há um tempão na net "Carta de 2007"...é emocionante e muitos nem perdem tempo para ler. Exatamente como o pouco caso retornado aos problemas ambientais. Muito mais fácil assistir ao funesto espetáculo sem fazer nada...mas o ser humano não foi feito para o fácil...pena mesmo.
Beijão
Muito bom aqui.

Anônimo disse...

Quanto a Noé, bem, deixa pra lá! Rs...
Adoros cactos, tenho uma coleção deles em miniaturas com aqueles enxertos que deixam eles coloridos e engraçados... o segredo é pouca água e muito sol.
E a pergunta que paira, "O que ocorre com o mundo?" E ninguém se dá conta que tudo acontece em conseqüência da ignorância humana.
Humm... acho que li a tal "carta de 2007"!
Beijos