Crônica

Tem gente que adora falar da vida alheia. Eu também. Só que procuro me conter. Tento ao máximo evitar a maledicência. O Livro Sagrado até ressalta que o homem que consegue dominar a própria língua, este homem é perfeito. Mas eu não sou perfeito. Que bom! Assim sinto menos peso em meus ombros tão fortes,e tão humanos.
De vez em quando é bom falar da vida alheia, é uma forma purgativa de auto-afirmação. Vomita-se comentários de que o outro não é tão bom quanto parece por isso e por aquilo, e que você -- que consegue fazer uma crítica "imparcial" -- é o tal, a penúltima coca-cola geladinha no deserto. Digo penúltima, porque a última é o seu amigo que te ouve e concorda euforicamente. Carlos Heitor Cony tem até uma crônica que fala sobre isso, o gosto por falar mal das pessoas somente por falar.
Lá no Livro Sagrado, no mesmo texto que menciona a língua, também tem uma interessante metáfora, a de um navio gigante que é controlado por um pequeno leme. Da mesma forma, o corpo humano, gigante que é, é controlado pela língua, minúsculo órgão, um pequeno leme que dita caminhos e descaminhos.
Comentar sobre alguém é algo natural, próprio do ser humano. Mas é fundamental cuidar para que o "comentário" não seja destruidor da moral do outro. Caso este outro realmente não tenha moral, esta falta será percebida por todos. Sendo assim, torna-se dispensável trazer tal fato à tona, reafirmá-lo.
Quem se envolve e gasta tempo falando de alguém moralmente duvidoso equipara-se a este. E quem se envolve e gasta tempo falando de alguém moralmente aprovado é uma pessoa moralmente duvidosa. Pois está tentando destruir uma moral, matar o outro socialmente e psicologicamente. Está tentando matar o seu irmão-humano... não com facas e pistolas, mas, caprichosamente, com a própria língua.
E isto, matar alguém --principalmente um irmão --, além de ser muito feio, não tem nada a ver com amar o próximo.
Ismael Alexandrino
Ao som de 'Maneiras' - Zeca Pagodinho
Degustando Tequila com Melancia
Imagem:'Woman wearing evening gown, carrying applo and knife, mid section' - David Stuart
De vez em quando é bom falar da vida alheia, é uma forma purgativa de auto-afirmação. Vomita-se comentários de que o outro não é tão bom quanto parece por isso e por aquilo, e que você -- que consegue fazer uma crítica "imparcial" -- é o tal, a penúltima coca-cola geladinha no deserto. Digo penúltima, porque a última é o seu amigo que te ouve e concorda euforicamente. Carlos Heitor Cony tem até uma crônica que fala sobre isso, o gosto por falar mal das pessoas somente por falar.
Lá no Livro Sagrado, no mesmo texto que menciona a língua, também tem uma interessante metáfora, a de um navio gigante que é controlado por um pequeno leme. Da mesma forma, o corpo humano, gigante que é, é controlado pela língua, minúsculo órgão, um pequeno leme que dita caminhos e descaminhos.
Comentar sobre alguém é algo natural, próprio do ser humano. Mas é fundamental cuidar para que o "comentário" não seja destruidor da moral do outro. Caso este outro realmente não tenha moral, esta falta será percebida por todos. Sendo assim, torna-se dispensável trazer tal fato à tona, reafirmá-lo.
Quem se envolve e gasta tempo falando de alguém moralmente duvidoso equipara-se a este. E quem se envolve e gasta tempo falando de alguém moralmente aprovado é uma pessoa moralmente duvidosa. Pois está tentando destruir uma moral, matar o outro socialmente e psicologicamente. Está tentando matar o seu irmão-humano... não com facas e pistolas, mas, caprichosamente, com a própria língua.
E isto, matar alguém --principalmente um irmão --, além de ser muito feio, não tem nada a ver com amar o próximo.
Ismael Alexandrino
Ao som de 'Maneiras' - Zeca Pagodinho
Degustando Tequila com Melancia
Imagem:'Woman wearing evening gown, carrying applo and knife, mid section' - David Stuart
3 comentários:
Ótimo texto,que me fez lembrar uma seguinte música de reggae "Quem sabe cala, quem não sabe é quem mais fala" agradeço sua passagem pelo blog. Se vc tiver um banner ou autorizar um link, podemos trocar!!! abraçoss!!
Muito ótima a crônica!
Realmente, pode-se destruir a vida de alguém só com a língua... Quanto poder numa coisinha tão pequena...
Beijo
Kari
Que Deus preserve esta sua metafórica língua, querido poeta da vida, Ismael. E que nós nos preservemos isto: o que sai da boca não tem retorno.
Abração!
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