Poesia

Bem-que-se-quis cantar como ele.
Ironia: tu -- presas e com frio --
Nunca cantarias com tanto vigor.
Só canta -- e sempre canta! --
quem voa entre as nuvens.
Só voa -- e sempre voa! --
um ser reconhecidamente alado.
Mas tu vives engaiolada,
amarrada a uma tornozeleira metálica,
carregando um pesado anel de ouro (seu fardo)...
além de teres pesados ossos não pneumáticos.
A despeito disso, ainda me perguntas
....................[com ousadia e esperança:
"Posso voar para o teu ombro?"
Ao que respondo com gracejo:
Se não me fores peso
como seus metais o são para ti,
Posa em meu ombro, Cotovia,
E canta meio-tom acima
para que todos notem tua siringe afinada
domesticada nos coqueiros tropicais.
Ismael Alexandrino
Ao som de 'Valsa para uma menininha' - Toquinho
Degustando Petit Gâteau com Sorvete de Creme
Imagem:'Eastern meadowlark in box' - Craig van der Lende
Um comentário:
O título café foi bem escolhido.
Ir tomar um café é hábito de muitos
portugueses e falar com os amigos.
Daí pode nascer a poesia.
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