Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Passarinhando

Poesia

Bem-te-vi no vitral da casa amarela
Bem-que-se-quis cantar como ele.
Ironia: tu -- presas e com frio --
Nunca cantarias com tanto vigor.

Só canta -- e sempre canta! --
quem voa entre as nuvens.
Só voa -- e sempre voa! --
um ser reconhecidamente alado.

Mas tu vives engaiolada,
amarrada a uma tornozeleira metálica,
carregando um pesado anel de ouro (seu fardo)...
além de teres pesados ossos não pneumáticos.

A despeito disso, ainda me perguntas
....................[com ousadia e esperança:
"Posso voar para o teu ombro?"

Ao que respondo com gracejo:
Se não me fores peso
como seus metais o são para ti,
Posa em meu ombro, Cotovia,
E canta meio-tom acima
para que todos notem tua siringe afinada
domesticada nos coqueiros tropicais.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Valsa para uma menininha' - Toquinho
Degustando Petit Gâteau com Sorvete de Creme
Imagem:'Eastern meadowlark in box' - Craig van der Lende

Um comentário:

Anônimo disse...

O título café foi bem escolhido.
Ir tomar um café é hábito de muitos
portugueses e falar com os amigos.
Daí pode nascer a poesia.