Crônica
Que horas são? Você não está atrasado para alguma coisa? Não deveria estar fazendo algo em vez de estar lendo isto aqui? Que horas você se levantou hoje? O que você fez durante o dia? Enfrentou alguma fila? Teve uma conversa desagradável com alguém? O trânsito estava tranqüilo? Ouviu alguma notícia de morte, guerra, terrorismo, destruição, assalto a banco, violência, tráfico de drogas ou algo do tipo? Tem alguém doente na sua família? Ficou algo que deveria ter feito durante o dia, e você não fez? Quando for deitar você ficará pensando no que ocorreu durante o dia, e que não te agradou? Ou, no que deve fazer amanhã? A propósito, que horas você tem que levantar amanhã para fazer tudo que tem feito e ainda completar o que não foi feito hoje?
Essa é a dinâmica do mundo contemporâneo. Um corre-corre sem fim. Parece que nunca cumprimos tudo que devemos e, quando o fazemos, nem sempre agradamos a todos. O fato é que a todo instante no dia-a-dia estamos expostos a situações geradoras de stress. Dizem os especialistas que é a doença da contemporaneidade, a doença do século XXI. Sim, uma doença e, como tal, precisa ser tratada, precisa-se saber lidar com ela.
Desde os tempos longínquos o homem esteve convivendo com esse mal que extenua a vida. Achar que só hoje existe stress, e que este é a moda no momento, é tapar os olhos para o passado.
Os homens, quando habitavam lugares rudimentares, como cavernas e cabanas, tinham que caçar o próprio alimento e se viam expostos às diversas feras. Isso, certamente, gerava-lhes certo grau de stress. As esposas destes, enquanto eles estavam no campo cuidando da lavoura, pensavam quando viria a chuva para crescer a semente, e, assim, poderem colher e cuidar dos seus filhos. Ou, quando estavam à espera dos maridos que saíram para caçar algum bicho, possivelmente ficavam ansiosas por sua volta são e salvo. Condições que certamente também criavam stress.
Na Antigüidade, as épicas guerras de conquistas como, por exemplo, o avassalador império Romano ou a ditadura ferrenha de Esparta, na Grécia, com certeza fora motivo de angústia para os que viveram naquela época.
A ditadura religiosa do medievo, sob o comando alienante da Igreja Católica, e, logo após, o afã do Renascimento, possivelmente não foram inocentes à angústia daqueles queimados na fogueira do Tribunal da Inquisição.
A modernidade, a ferro e a fogo, incomodou a muitos com as Revoluções Francesa, Industrial e tantas outras. A história põe-nos à vista diversos episódios que atentaram contra a tranqüilidade humana e, sem dúvida, fomentaram o stress.
E a pós-modernidade segue dando sua contribuição muito bem.
Percebe-se, então, que não se trata de algo novo, que surgiu recentemente. Contudo – e é nisso que devemos estar atentos –, vivenciamos um período de maior exposição a situações geradoras de stress, situações que não podemos simplesmente fugir. Pois elas estão à nossa porta, dentro da nossa casa, onde quer estejamos. Com essa percepção, o stress deve ser encarado como algo que deve ter sua gênese, sua causa compreendida. Só assim será possível conviver com ele, buscando, acima de tudo, o equilíbrio para dele se defender.
Ismael Alexandrino
Ao som de 'Smaointe' - Enya
Degustando Café Mocaccino com Cauda de Chocolate
Imagem: 'Contraste' - Fabiano Ruiz
2 comentários:
Caramba, numa havia pensado nisso.
Sempre que a gente lê sobre stress, falam que é uma doença moderna, mas adorei perceber que não é!
Beijão,
Kari
É, não deixa de incentivar ele não! Incentivo sempre é bom, né? Principalmente quando já se faz tão bem!!!
Pois é, tenho blogado demais até. Mas é que são tantas coisas na cabeça, tantas idéias, que decide botar pra fora mesmo, o tempo todo!!! É tão bom! Me sinto mais leve..... heheheh
Beijo
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