Café Alexandrino - O lado aromático da vida

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Stress, uma moda antiga

Crônica

Que horas são? Você não está atrasado para alguma coisa? Não deveria estar fazendo algo em vez de estar lendo isto aqui? Que horas você se levantou hoje? O que você fez durante o dia? Enfrentou alguma fila? Teve uma conversa desagradável com alguém? O trânsito estava tranqüilo? Ouviu alguma notícia de morte, guerra, terrorismo, destruição, assalto a banco, violência, tráfico de drogas ou algo do tipo? Tem alguém doente na sua família? Ficou algo que deveria ter feito durante o dia, e você não fez? Quando for deitar você ficará pensando no que ocorreu durante o dia, e que não te agradou? Ou, no que deve fazer amanhã? A propósito, que horas você tem que levantar amanhã para fazer tudo que tem feito e ainda completar o que não foi feito hoje?

Essa é a dinâmica do mundo contemporâneo. Um corre-corre sem fim. Parece que nunca cumprimos tudo que devemos e, quando o fazemos, nem sempre agradamos a todos. O fato é que a todo instante no dia-a-dia estamos expostos a situações geradoras de stress. Dizem os especialistas que é a doença da contemporaneidade, a doença do século XXI. Sim, uma doença e, como tal, precisa ser tratada, precisa-se saber lidar com ela.

Desde os tempos longínquos o homem esteve convivendo com esse mal que extenua a vida. Achar que só hoje existe stress, e que este é a moda no momento, é tapar os olhos para o passado.

Os homens, quando habitavam lugares rudimentares, como cavernas e cabanas, tinham que caçar o próprio alimento e se viam expostos às diversas feras. Isso, certamente, gerava-lhes certo grau de stress. As esposas destes, enquanto eles estavam no campo cuidando da lavoura, pensavam quando viria a chuva para crescer a semente, e, assim, poderem colher e cuidar dos seus filhos. Ou, quando estavam à espera dos maridos que saíram para caçar algum bicho, possivelmente ficavam ansiosas por sua volta são e salvo. Condições que certamente também criavam stress.

Na Antigüidade, as épicas guerras de conquistas como, por exemplo, o avassalador império Romano ou a ditadura ferrenha de Esparta, na Grécia, com certeza fora motivo de angústia para os que viveram naquela época.

A ditadura religiosa do medievo, sob o comando alienante da Igreja Católica, e, logo após, o afã do Renascimento, possivelmente não foram inocentes à angústia daqueles queimados na fogueira do Tribunal da Inquisição.

A modernidade, a ferro e a fogo, incomodou a muitos com as Revoluções Francesa, Industrial e tantas outras. A história põe-nos à vista diversos episódios que atentaram contra a tranqüilidade humana e, sem dúvida, fomentaram o stress.

E a pós-modernidade segue dando sua contribuição muito bem.

Percebe-se, então, que não se trata de algo novo, que surgiu recentemente. Contudo – e é nisso que devemos estar atentos –, vivenciamos um período de maior exposição a situações geradoras de stress, situações que não podemos simplesmente fugir. Pois elas estão à nossa porta, dentro da nossa casa, onde quer estejamos. Com essa percepção, o stress deve ser encarado como algo que deve ter sua gênese, sua causa compreendida. Só assim será possível conviver com ele, buscando, acima de tudo, o equilíbrio para dele se defender.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Smaointe' - Enya
Degustando Café Mocaccino com Cauda de Chocolate
Imagem: 'Contraste' - Fabiano Ruiz

2 comentários:

Kari disse...

Caramba, numa havia pensado nisso.
Sempre que a gente lê sobre stress, falam que é uma doença moderna, mas adorei perceber que não é!

Beijão,
Kari

Kari disse...

É, não deixa de incentivar ele não! Incentivo sempre é bom, né? Principalmente quando já se faz tão bem!!!

Pois é, tenho blogado demais até. Mas é que são tantas coisas na cabeça, tantas idéias, que decide botar pra fora mesmo, o tempo todo!!! É tão bom! Me sinto mais leve..... heheheh

Beijo