Café Alexandrino - O lado aromático da vida

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Enquanto os galhos dormem

Poesia

É indelével este teu sabor
Que dizes no meu pé do ouvido
Ao cair sorrateiro da noite.
Por vezes, pensei que fosse efêmero,
Mas nada tão fugaz quanto
Este meu pensamento incalculado.

Gosto de poder roçar
As tuas rosadas e úmidas papilas
Olhando tuas enegrecidas pupilas
Que se perdem num mar esverdeado.
Ah! ... Quanta poesia eu vejo!
Quanto sabor eu sinto!
Não sabes como viajo
Quando me tragas
Com estes teus lábios carnudos.
Creio que percebes
A fumaça que sobe faceira
Rodopiando em volúpias
Por longo, e longo tempo.

Aí, bem sabes, é o nosso tempo
De não darmos tempo,
Pois tempo que és,
Mesmo longo, foge como o instante
Que não mais existe.
E, crentes disto,
Corremos atrás do tempo perdido,
Ficamos sem fôlego
Corremos
Rápidos
Corremos
Animados
Corremos
Alegres
Corremos
Corremos!
Caímos estatelados
Entorpecidos
Inebriados
Sem força
Entregues...
E dormimos.

A noite – abraçada conosco –
Passa mansa acenando-nos
Para um enclarecer fresco
Amaciado por lençóis claros
Ao som de pássaros raros
Em meio a flores-de-lis
Lírios, gérberas, azaléias,
Flores do campo, bonsai,
Seixos brancos e marrons,
E um peculiar cheiro de menta
Sorrindo para mim.

Bom dia!
Amo-te apaixonadamente.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Bom dia' - Elisa Queiroga
Degustando Capuccino de Chocolate
Imagem:'Cachinho florido' - Sérgio Moscato

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