Café Alexandrino - O lado aromático da vida

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Goianidade

Poesia


Trago, lá do cerrado,
Certa poeira no semblante,
Que me protege do sol tropical.
Do miolo da terra verde-loura,
Extraí água cristalina e abundante
Que refresca minha goela
E lava meu suor à medida
Que luto e labuto
Tentando vencer noutras terras
De refinada beleza e valor.
Carrego no meu fardo uma matula
De arroz branco e feijão tropeiro
– que me sustém na viagem –,
Uma conserva de pequi bem maduro
– que me lembra do sabor de mato
que, um dia, meu manso regato
mansamente comeu.

Trago, lá do cerrado amado,
A imagem de um fim de tarde vagaroso
Abraçado nos arbustos retorcidos,
Musicado por sabiás e bem-te-vis
Pousados nas paineiras,
Por perdizes e o jaó
Pousados no chão,
Refrescado por aquele ribeirão
Sem pressa de desaguar na escuridão da noite
– hora que o caboclo acende o candeeiro,
reúne a família, chama os cachorros,
e canta sua história abraçado a um violão.

Trago, lá do meu cerrado amado,
Alguns versos
livres
.............[de métrica
simples
.............[de pai
afetivos
.............[de mãe
ricos
.............[de saudade.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Um violeiro toca' - Almir Sater
Degustando Pão de Queijo com Suco de Caju
Imagem:'Amanhã eu volto' - Oldair

Um comentário:

Anônimo disse...

...

Um brilho reluzente, que desperta sentidos a ementa de um poeta.

Que atrai tantos amigos, confidentes, defensores declarados “pernambucanizados”; nesta terra enérgica, de guerreiros, guardiões...

O perfume traz nas lembranças os tempos na sua terra querida. O vento soprou e AQUI se edifica o poeta “goianado”, com desejos a impulsionar fotografias do seu torrão natal.

Verdade ou miopia?

“Na essência somos diferentes, e nela nos respeitamos”

Abraço!!