Café Alexandrino - O lado aromático da vida

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Uma História de Natal

Crônica


Desde que acordara Lívia percebera que aquele dia era um dia diferente, especial. Ainda de manhã cedo notou uma correria danada, engarrafamentos, todo mundo se acotovelando dentro das lojas, correndo e escolhendo mil presentes de todos os tipos e cores. Em sua pequena idade, ela ainda não entendia o porquê daquilo tudo, só achava que tinha alguma coisa a ver com aquelas árvores todas coloridas com luzes piscando em seus galhos que havia tomado a cidade já há um mês e com um velhinho muito simpático sempre todo vestido numa roupinha vermelha. Apesar dela não ter a mínima idéia do que era aquilo, parecia sentir-se bem só por poder ver e presenciar tudo aquilo.

Lívia então seguiu assim seu dia, observando o movimento das pessoas ao mesmo tempo em que seguia procurando os papelões das caixas dos presentes no lixeiro de cada prédio para colocar em sua carroça. Estava admirada com a quantidade de papelão que estava conseguindo juntar naquele dia, tudo por conta das caixas dos presentes! Seria realmente uma grande festa!

Ao final da tarde Lívia foi notando também o grande movimento que começara a tomar os salões de beleza. Ficava embasbacada ao ver tanta gente bonita se arrumando, cada penteado, cada vestido... Seria uma noite realmente muito importante aquela. O tempo foi se passando, a noite se adentrando e Lívia a andar admirada pela cidade com aquelas árvores todas enfeitadas. Como não havia comido nada desde o almoço, começou a sentir sua barriga apertar de fome. Foi aí que se admirou mais ainda com aquele dia, quando, então já tarde da noite, viu tanta gente lhe oferecendo pratos maravilhosos para comer. Tinha camarão, lagosta, chester... tudo coisa que ela nunca nem havia sonhado em comer! E agora estava tudo ali, na frente dela, tinha até mais de uma pessoa oferecendo ao mesmo tempo com a maior generosidade do mundo. Nunca antes havia visto tanta comida e tanta generosidade juntas em sua frente!

Admirada mais ainda com essa generosidade súbita das pessoas, Lívia ficou curiosa para saber o que era aquela festa que mexia com todo mundo. Sentou-se ao lado de um senhor que dormia no banco da praça tentando assim puxar alguma conversa. Teimando em acordá-lo, se inclinou para o lado dele e perguntou:

-- Moço, o senhor sabe que festa é essa que está tendo hoje pra tá tudo assim tão bonito, o povo todo arrumado e tanta gente com a generosidade de lembrar da gente que tava com fome?

E o senhor se endireitando respondeu:

-- Ah minha filha, hoje é noite de natal.
-- Sim, e o que isso quer dizer?
-- O natal é a festa de aniversário do nascimento de Jesus, minha filha!
-- Hã?! Pensei que tinha alguma coisa a ver com o velhinho....

Ricardo Gurgel



Ao som de 'Noite Feliz' - Cantiga de Natal
Degustando Caldo de Feijão
Posted by PicasaImagem: 'Natal'- Autor Desconhecido

3 comentários:

drika disse...

O tal velhinho pegou a festa pra ele, realmente...
Não tem pra ninguém. É uma pena...

bjos!

Anônimo disse...

Grande Zé , só você poderia ter começado com esse conto : direto , crítico e bem escrito com um tema prá lá de importante. Parabéns e que continue a escrever nesse ano que está BEM VINDO. abraços

João Antonio Ribeiro

Anônimo disse...

Jaca, que bom q vc tá escrevendo aqui também!!!! Quero ler mais viu, não deixe de atualizar!!!

Bjs