Café Alexandrino - O lado aromático da vida

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Tapa

Poesia

Com um sorriso amarelo e encardido
E com um peculiar (unilateral!) rubor facial,
Abano a poeira nas nádegas da minha calça
Jurando nunca mais olhar-te face a face.

Pego meu pingente dourado no chão,
Jogo-o no meio do matinho perto
Para que o santinho não testemunhe
O que acabara de me fazer.

Acabaste com um sorriso,
Intentaste contra minha moral;
Pior: acabaste com uma esperança!

Não haverá descaminho futuro
Que me faça retroceder
A ponto de me aproximar
A menos de uma légua de ti.

Engolirás daqui para frente lágrimas amargas
Que rolarão para dentro do teu profundo vazio,
O vazio de não mais me ver passar em tua porta.

Tiveste-me a um palmo dos teus lábios;
Tiveste-me a um palmo do amor eterno.

Mas não foste suficientemente sábia,
Não foste delicada, merecedora de mim.
De ímpeto, deferiste-me um golpe na face
Que me jogou na poeira do caminho...
Caminho longe do teu.

Tua pena será cumprida dia após dia
Com toda liberdade que te verás presa.
Nunca mais terás meus pedidos singelos,
Nunca mais tentarei dar-te um beijo.

Vai!...
Vai viver com tua insanidade,
Vai perecer em teu leito de amargura,
Vai morrer fria e desamada,
Vai!...

Deus me livre de ti, mulher!

Ismael Alexandrino


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