Café Alexandrino - O lado aromático da vida

terça-feira, 1 de maio de 2007

Humildade

Poesia

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Cora Coralina1


Ao som de 'Cio da Terra' - Almir Sater
Degustando Pão de Queijo com Café Preto
Imagem:'Pés Descalços' - Ismael Alexandrino


1Cora Coralina, goiana, foi doceira e poetisa.

Nenhum comentário: