Conto

Lá dentro estavam velhas lembranças minhas. Tudo que eu quis esquecer durante toda minha vida estava lá.
Fui construindo ao longo de toda a vida muralhas ao redor de cada desencanto. Tinha compartimentos separados por ordem de assunto e data. Tinha um quarto velho e empoeirado onde ficavam as lembranças de um antigo amor não correspondido que um dia eu expulsara de minha mente. As lembranças estavam congeladas em forma de quadros pintados em cores pastéis e também em forma de estátuas. Do mesmo jeito como eu as deixei algum dia, num passado irrecuperável. Eu me sentei para ver o rosto daquela jovem ainda sorrindo para mim. A tela estava bem gasta, mas o sorriso ainda traduzia alegria e esperança. Tirei um pouco da poeira com a mão e senti aquele rosto ainda mais perto de mim. Meu coração pareceu inchar dentro do peito. Senti minha mente navegar gostosamente por outras ocasiões que coincidentemente também estavam retratadas naquelas pinturas. Era uma pinacoteca imensa. Meu coração esfriou e involuntariamente suspirei.
O único brilho que ainda vi naquela imagem foi quando fluíram as lágrimas. Aí fechei os olhos e aquelas imagens se transformaram em um filme.
Sebastian Picasso

Degustando Chá de Hortelã

4 comentários:
Ahh Ismael, por quantas vezes relembramos flashs das nossas vidas e tudo se transforma em imaginárias cenas de uma fantástica película...
Desculpa por não poder vir tomar um cafezinho sempre aqui no seu cantinho, mas sempre quando puder, com certeza virei saborear um cafezinho e ótimos posts que vc sempre soube tirar a dedo para postar!
Beijo grande
Olá Ismael, cheguei até você por meio da Giulia. Cara, seu blog resume tudo de bom na literatura e artes. Parabéns. Voltarei sempre.
E cara, dei uma passada rapida por aqui mas prometo voltar...
O Tempo anda me engolindo, mas foi bom te achar...cabeça pensante e um bom cha,...nem todo dia se encontra aqui ou acolá...
viagens...
viajei no texto!
parabéns!
Paulo Cazula!
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