Café Alexandrino - O lado aromático da vida

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

A "pausa" na música da vida

Ensaio



Enquanto relia alguns conceitos musicais numa peça de Paganini, me detive em uma pausa. Na pausa não há música, mas ela ajuda a fazer a música. A vida é como música: há um compositor -- Deus -- e os diversos intérpretes -- o homem.

As claves, sejam elas de dó, sol ou fá, com suas linhas e espaços, mostram o caminho a ser seguido, a ser tocado. Algumas notas são mais demoradas, mais lentas. Outras têm o passo bem mais rápido. Ainda há aquelas que parece que se está em um feriado de domingo e, sendo assim, se escolhe o passo e gasta-se o tempo que quiser. A esta, denomina-se "fermata". Tem também o que dita a corrida -- os compassos --, bem como o entusiasmo da música, qual seja, é ditado pelos sinais que indicam expressão. Existem inúmeros símbolos e todos eles traduzem um significado específico que o bom músico entende e segue com perícia.

Na melodia da nossa vida a música é interrompida aqui e ali por "pausas". E nós, sem refletirmos, pensamos muitas vezes que a melodia terminou. Mas como é que o maestro lê a pausa? Ele continua a marcar o compasso com a mesma precisão e toma a nota seguinte com firmeza, como se não tivesse interrupção alguma. Deus segue um plano, uma partitura ao escrever a música de nossa vida. Por vezes uma música agitada, outras tantas, algo bastante largo e grazioso. As pausas, no entanto, sempre estão presentes para serem passadas ou emitidas sem que atrapalhe a melodia ou altere o tom. Mas sim que aprimore e enriqueça a canção.

Ao olharmos para cima, conforme a intimidade, Deus mesmo marcará o compasso para nós. Não nos esqueçamos, no entanto, de que "ela ajuda a fazer a música". Com os olhos Nele, vamos ferir a próxima nota com toda a clareza sem murmurarmos tristemente que "na pausa não há música".

Compor a música da nossa vida é geralmente um processo bastante lento, trabalhoso e gradual. Com paciência, Deus trabalha para nos ensinar. E Ele espera muito tempo até que aprendamos a lição. A pausa em si não dura muito, mas apenas o tempo suficiente e necessário pra que se renove o fôlego, harmonize a melodia e continue a canção. A pausa, então, apenas serve pra continuar a música.

Talvez devamos olhar melhor à nossa volta -- as notas tocadas e as que ainda estão por tocar -- e viver a vida, seguir tocando a melodia. Também, torna-se sábio parar um pouquinho e, mesmo que não se entenda a princípio a pausa, aceita-la. Pois o Compositor da nossa música é O da melhor estirpe e de maior grandeza e Ele com certeza quer que nossa música exale amor para que seja amada. Com certeza quer que tal música nos faça sonhar com dias melhores. E que, ao cantá-la, se possa sorrir e ser feliz...muito mais feliz.

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Além do Horizonte' - Roberto Carlos

Degustando Café Quente com Leite Frio
Posted by PicasaImagem: The Old Guitarist - Pablo Picasso

5 comentários:

Anônimo disse...

Olá!
Obrigada pela visita ao meu blog. Passei aqui rapidinho - novamente atrasada para o trabalho, hê, hê, hê - mas já vi que quero e vou voltar.
Beijim,
Nana.

Anônimo disse...

Que lindo post!
Logo no início, antes mesmo de se ficar claro o seu enfoque, me vi comparando o tema com a vida e, eis que depois, você assim o fez, exatamente da forma que eu havia imaginado a pausa em nossas vidas.
Magnífico!
Adorei!
E, que a minha "música" assim como a "sua" continuem inspiradoras!
Beijos.

Anônimo disse...

Pra variar me esqueço...
Complementando o coments acima e respondendo ao seu no meu:
Quem será que não nasceu com cara de joelho?
Mais beijos.

Anônimo disse...

Esse é o grande ismael!! Meu amigo, parabéns mesmo pelo blog, belo template, belas imagens, e , é claro, textos à sua altura!! Abraço Ricardo Gurgel

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog! Muito bom! Gostei muito desse texto. Algumas vezes a pausa não se faz notória... Mas pausei por instantes, por avistar as compenetradas palavras de alguém com o seu intelecto. Valeu a pena pausar, só me faltou um bom café!
Abraço. Arthur Galvão