Café Alexandrino - O lado aromático da vida

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Suplício

Poesia

Ó dor! O que tu queres,
podes bem me falar?

Tira meu sono, silencia o meu cantar,
Desfaz os sonhos, põe pedras para escalar
Calas minha boca, fazes-me suspirar.
Deixa de ser lacônica!
Criança má, hedônica
Pára de gritar, sinfônica
Voz aguda, grave, harmônica

Ó dor! O que tu queres,
podes bem me mostrar?

Imputa-me o tédio, faz da angústia doença
Sem remédio, descrença
Me joga no abismo, não pensa.
Deixa de ser vil!
Imatura, infantil
Pára de gesticular, pueril
Obscena, teatróloga feminil

Ó dor! Por que não cresces a ponto de me matar?
Afugentas meu semblante, tolhes meu sorriso
Auguras meus planos, futuro que preciso
Enegreces meus olhos, obscureces o paraíso
Deixa de ser mesquinha!
Cobra criada, abelha rainha
Pára de cutucar, largue sua varinha
Mata-me ou me deixa, mas não me definha

Ismael Alexandrino


Ao som de 'Você não me ensinou a te esquecer' - Caetano Veloso
Degustando Café Preto Amargo
Posted by PicasaImagem: 'Banco' - Elvis Melnisk

8 comentários:

Anônimo disse...

Uau,vc me surpreende eim!Ficou ótimo!Profundo!Beijos,amor!

drika disse...

Dor que faz definhar é das piores...

Lindo poema, amei!

beijao!!

Anônimo disse...

Parabéns pelo seu extremo bom gosto e pela sua criatividade. Visite o Meus Sentidos. Acredito que irá gostar!! Abrass

Anônimo disse...

De um "poeta romântico" com viés de Nelson Rodrigues: um porre é necessário à poesia. Ele solta e faz a verve chegar.
Nosso maior poeta da língua portuguesa, Fernando Pessoa, morreu de cirrose aos 47 anos.
Mas teus poemas, mesmos "lúcidos", são bons.
Escrever é a pinga do homem. Embriaguem-se...
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

Adorei !!
Mto triste, mas mto bem escrito ;)
Faça outro desse não q eu choro!
Bjus!

Anônimo disse...

Nada como um bom cappuccino...

Anônimo disse...

A poesia é linda, embora um pouco tristonha. Parabéns pelas palavras!

Unknown disse...

Você estava triste neste momento, não estava? Mas muito bonita