Conto

Resolvi pedir mais uma cerveja (talvez para fingir que nada havia acontecido). Depois fui para casa onde Rilke me esperava ansioso por causa do jantar. Aquele grande sorriso não saia da minha cabeça. E isso me causava angústia. Por que naquele momento a sós os lábios tão escancarados? Para que tanta exuberância? Para quem àquela janela doce se abrira? E acordei na manhã seguinte com Rilke lambendo meu rosto. Já eram dez horas e ele estava com fome.
Uma semana depois, fui novamente ao restaurante na esperança de reencontrar aquele sorriso agora mais tímido. E dentre vários lábios os dela não estavam lá, mas dentro de mim já me encobriam a face.
E esse ritual de ida e frustrações continuou por várias semanas.
Hoje faz um ano que aquele grande sorriso aqui apareceu, e agora ele me encobre todo. Hoje me arrependo de não tê-la seguido(talvez para pedir perdão e carinho, ou para perguntá-la o porquê daquela feição). Hoje faz onze anos que nós nos separamos por minha vontade e desespero dela.
João Antonio Ribeiro

Degustando Cerveja Preta

4 comentários:
eu procuro lábios que não encontro e que sei que anda pela cidade, toma cervejas dantes degustadas por nós dois e não encontro...
não me livro, não me liberto da prisão que é aquele para de olhos...
te beijo
nefertari
suave...você é suave..
gosto disto...
me fez feliz por me deixar ler você....
eu volto..
adoro café...
Adorei, os novos textos...estão ficando cada vez melhores. Beijos
Que delícia de café! Adorei.
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